As paredes ainda me incomodam com a falta de cores e o ar gélido que exalam.
Ando redecorando umas poucas cenas e rindo da minha constante mudança de humor, enquanto
minha aflição, nem um pouco simpática, brinca comigo criando suposições.
Imaginação pobre.
Suja, como eu.
Suja.
Só isso.
Uma imagem é meu repouso.
Sigo a linha negra que é feita todos os dias no contorno de seus olhos...e depois é apagada
volta a ser originalmente doce e me vem na mente como as melodias que sonho alcançar.
Aplausos não surtem efeito.
E se for um jogo novo, por favor, livre-me, deixe-me ir.
Eu não sei brincar dessas coisas. Desconheço esses brinquedos.
Meu coração está aleijado.
Vivo de meus absurdos - destino favorito.
Ignoro tudo quando desenho pela milionesima vez, a mesma imagem em cada milimetro da palma de minha mão.
E aqui (exatamente agora) nas linhas que escrevo, não há mais tanta distancia entre céu e chão.
Os pensamentos desconhecem a Lei da Gravidade.
Imagino sua presença nas minhas madrugadas, mas aí, bichinho invejoso que é a realidade, insiste em me mostrar como isso aqui é frio.
Rasbiscos tolices enquanto espero.
E não sei se as pontas dos meus dedos estão queimando ou se o que me incomoda mesmo é a falta de ruídos.
Ajeito tudo muito rápido e encontro, despretenciosamente, o que falar.
Penso então, nas drogas que eu não usei e nas que ando escrevendo.
Penso nos cortes que fiz em algum corpo, meu.
Prefiro lembrar agora do que eu não disse, e lembrar de uma voz qualquer me pedindo pra parar de balançar as pernas.
Isso não é ansiedade.
Por:Livia Queiroz