sábado, 24 de novembro de 2012

Amontoados.


Casas.

Casinhas.

Amontoadas.

Pequenininhas.



Encaixadas sem novidades.

Dentro de uma:
Um João pede bis
Uma Maria quer passagem
Noutra:
Uma Ariadne nasce atriz
Irmão que foi, deixa saudade

E nas casinhas, meu Deus
Fico a pensar,
Será que há mesas,
Cortinas, Colchas
Lugar de brincar?

Será que o lado de lá 
o da cidade “feliz”
Sabe da mistura de cores
Que a sujeira não diz?

Todas dormem e acordam

Encaixadas por um triz

Todas cantam e combinam

Remontando o “chão de giz”



E o lado de lá meu Deus
Será que conhecem tijolo
sem reboco, sem gesso
sem degradê, sem textura
sem quadro, sem tela
sem mistura?


Será meu Deus que sonham as flores?

Será que esperam amores?



Há felicidade, que eu vi

Há moral e há bons costumes

Há voto do povo, há gente boa.


Mas será que nas noites

em que sonham seus sonhos

essas casinhas, meu Deus,

se amarrotam de esperança?

Ou será que, em seus sonhos

encaixados, já são as donas
da própria fé na vida, 
na imaculada existência?


Quisera saber,

quais certezas elas escondem

se sabem-se ser, ou estar

Se amontoadas como são

concatenam pensamento.


Quisera eu notar
algo além de seus silêncios
em quebra-cabeça.
Quisera eu ser alguma coisa

que elas ja são.

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Por: Livia Queiroz