Ele, o
sacro. O Sábio-Branco. De um branco amarelado que não é lacuna, nem ‘em branco’
e sim respiração suspensa como a que guardo nos dias em que os meios não
justificam os fins. Ele: O guardador, o contentor do que não digo (e não digo o
quê).
Ele, em sua sabedoria muda lança à minha cara milhões de verdades e mentiras e pede
explicações, emite sugestões. Incute pensamento. Exige movimento. E devolve o
que lhe digo, sempre em dobro (de dimensões e peso).
Outro dia me peguei em saia justa conversando com ele sobre uma insatisfação minha:
" – Pois, e não sabes que as pessoas mudam?
– Sei!
– Não sabes o que a distância faz com elas?
– Sei – respondi – mas eu pensei que poderia ser diferente.
– Não é!
– É complicado.
– Não é.
– O que é então?
– É simples: Quem se importa há de cuidar do que existe!”
Calei.
Ele possui a aspereza exata. A que não bane, mas a que ressalta a lógica.
"Sabe de uma coisa? Não deves cometer a tolice de acreditar em tudo o que lhe dizem. Pés foram feitos para estar no chão. Assim como promessas cheias de cor são feitas só porque serão quebradas. Não é culpa das promessas. A culpa é das cores!"
Emudeço. E não há nada ainda posto sobre ele. Não há nada demais.
Ele é como um cômodo vazio que pensa cheio...
"Depois de tanto tempo a ausência se torna presença constante (um paradoxo não?) e aí fica muito parecida com uma filha da vizinha que de tão próxima já vira melhor amiga sem precisar de conquista, já é parte da casa e até parece combinar com a mobília. Não é da família, nem da casa, mas é como se fosse. A ausência, com o tempo fica assim e para melhor suportá-la, a apelidamos de não-presença que é pra ver se dói menos. Pedimos ao destino, aos amigos, ao espelho pra ‘deixa pra lá’ que é pra ver se faz menos efeito. E depois – aos poucos – não é que vai mesmo doendo menos?"
Ele é cheio de degraus, possui etapas e conhecê-lo exige um procedimento. Há uma raridade em sua postura: a transparência. E há ainda a inocência e a serenidade que ficam pelas bordas... Ele é inevitavelmente um amigo silencioso
"Vão passar pela vida tantas pessoas boas, tantas ruins. Mas isso de ser bom ou ruim é relativo. O regular mesmo é ser imparcial, mas acaba sendo melhor ser justo. Se não quiser o bem também não queira o mal. Fique fria. Permaneça fina. Fique lúdica. Posta à prova e sempre pronta. O bom mesmo é não exigir, por que cansa e além disso o que está pra ser sempre é, sem regras impostas e sim intrínsecas."
Eu não me atrevo a argumentar e chego a questionar se são devaneios essas coisas que percebo dele, mas tão acurácicas que são, me recuso a impor limites e travas nesse linguajar de poesia e cuidado.
Ele, em sua sabedoria muda lança à minha cara milhões de verdades e mentiras e pede
explicações, emite sugestões. Incute pensamento. Exige movimento. E devolve o
que lhe digo, sempre em dobro (de dimensões e peso).
Outro dia me peguei em saia justa conversando com ele sobre uma insatisfação minha:
" – Pois, e não sabes que as pessoas mudam?
– Sei!
– Não sabes o que a distância faz com elas?
– Sei – respondi – mas eu pensei que poderia ser diferente.
– Não é!
– É complicado.
– Não é.
– O que é então?
– É simples: Quem se importa há de cuidar do que existe!”
Calei.
Ele possui a aspereza exata. A que não bane, mas a que ressalta a lógica.
"Sabe de uma coisa? Não deves cometer a tolice de acreditar em tudo o que lhe dizem. Pés foram feitos para estar no chão. Assim como promessas cheias de cor são feitas só porque serão quebradas. Não é culpa das promessas. A culpa é das cores!"
Emudeço. E não há nada ainda posto sobre ele. Não há nada demais.
Ele é como um cômodo vazio que pensa cheio...
"Depois de tanto tempo a ausência se torna presença constante (um paradoxo não?) e aí fica muito parecida com uma filha da vizinha que de tão próxima já vira melhor amiga sem precisar de conquista, já é parte da casa e até parece combinar com a mobília. Não é da família, nem da casa, mas é como se fosse. A ausência, com o tempo fica assim e para melhor suportá-la, a apelidamos de não-presença que é pra ver se dói menos. Pedimos ao destino, aos amigos, ao espelho pra ‘deixa pra lá’ que é pra ver se faz menos efeito. E depois – aos poucos – não é que vai mesmo doendo menos?"
Ele é cheio de degraus, possui etapas e conhecê-lo exige um procedimento. Há uma raridade em sua postura: a transparência. E há ainda a inocência e a serenidade que ficam pelas bordas... Ele é inevitavelmente um amigo silencioso
"Vão passar pela vida tantas pessoas boas, tantas ruins. Mas isso de ser bom ou ruim é relativo. O regular mesmo é ser imparcial, mas acaba sendo melhor ser justo. Se não quiser o bem também não queira o mal. Fique fria. Permaneça fina. Fique lúdica. Posta à prova e sempre pronta. O bom mesmo é não exigir, por que cansa e além disso o que está pra ser sempre é, sem regras impostas e sim intrínsecas."
Eu não me atrevo a argumentar e chego a questionar se são devaneios essas coisas que percebo dele, mas tão acurácicas que são, me recuso a impor limites e travas nesse linguajar de poesia e cuidado.
“Há um motivo pra tudo. Ou vários. Optar por esse
ou aquele destino não tem a ver com escolhas, mas sim com necessidade. O melhor
é saber por onde começar e já que um caminho pode ter várias entradas e saídas
o ideal é levar consigo um mapa. E saber quando é a hora de partir. Partir dói
quando há raízes, mas é necessário completar o dinamismo da vida. Renovar as
energias. Modificar. Compartilhar.”
Eu sei de
uma coisa: ele possui uma vantagem sobre mim... Se ele se perguntar "quem sou eu?" terá por certo
uma resposta. Quanto a mim, viraria partículas de rebarbas antes de repetir a
pergunta só para não respondê-la.
Acho que
ele é um sábio refúgio, um modelo do que não consigo seguir. Algumas coisas
melhorariam-me por certo. Eu não quero manchar um papel com essas coisas que
sinto, prefiro ouvir dele, que em branco, me comove enchendo meus olhos de
lágrimas e invocando minha serenidade.