O poeta de dentro anda cansado, sofrido, moribundo da vida e tudo, absolutamente tudo nele dói...
O poeta de dentro de casa tenta suportar angústia praticando-a em versos.
O poeta de dentro sente os ossos doerem, o corpo queimar e a respiração esvair-se.
O poeta vai sufocando-se de si mesmo, e ele sabe que às vezes precisa de um pouco de tristeza para dar a cor de um ou outro poema, mas ele é ainda tão menino pra entender disso tudo.
Ele, de certo, que pensa em trocar qualquer poema pra que essa dor se vá de uma vez, porque, deitadinho no chão, ele vai se encolhendo, cheio de rima, e se apagando aos poucos.
O poeta de cá de dentro, anda esguio, doente, em estado de amarelidão, e há de deixar-se quebrar.
Ele é ainda só um menino cujo tempo lhe foi inimigo. É tão menino ainda que não separa, não mensura, não opta, não regula, não controla.
O poeta menino há de se estirar por uns tempos sob a terra, para um despertar adulto e compatível com as suas dores.
(Por: Livia Queiroz)