domingo, 23 de outubro de 2011

Quantas faces podem haver?

Não penso que vale mais à pena ficar, em tapes de drama mal feito, remoendo os erros de quem quer que seja, nem reeditar os seus... Isso faria bem pro meu ego, e isso te maltrataria, mas eu prefiro estar sozinha com minhas saudades e minhas angústias a te ver sofrer mais. A te ver mais e mais afundada na lama das coisas que escolheu pra si mesma. Não sei mais conviver com seu sofrimento e com sua procura constante e inconstante de elos que se partiram por descuido: nosso.

E dá pra fingir que estou bem. Que essa saudade que vem e vai deixa meu coração flácido e às vezes até arredio. Sinto raiva disso que não deveria existir, porque na minha cabeça absolutamente fria e racional cada um que se atenha com as conseqüências dos próprios atos. Mas no meu peito, composto por vulcões em atividade, o perfume das flores ultrapassam os seus espinhos... E o que eu não daria pra vencer essa frieza racional que me ocupa a mente e me trava o corpo, e te colocar no meu colo e fazer com que pare de chorar? O que eu não daria para conseguir deixar escapar de mim um “Vai ficar tudo bem. Estou aqui!”? O que eu não daria para te ver de novo dormindo em meu abraço feito criança que repousa em segurança?

Escuto os mais variados conselhos que entram por um ouvido e saem mesmo pelo outro. É inútil correr em direção contrária. Pessoas precisam de boas intenções. E equilíbrio. Eu sinto tanto que tu, no auge da magnífica sabedoria e maturidade, tenhas deixado se intrometer no que era real e “nosso”, tantas abstrações maldosas... E sinto tanto não saber como lidar com isso, me perdoe se pareço cruel às vezes, mas eu só me deixei levar embora, porque, quanto mais perto eu ficava, mais eu sentia-me afundar junto com essa história sua: essa coisa sem nome que você criou pra te rodear...

Eu quase daria qualquer coisa para que nossas vidas não tivessem percorrido esses rumos contrários. E para que, não mudasse de cor aquele nosso amor, antes cor de respeito, hoje em tons de cinza. Optaria inclusive, por reordenar nossos sonhos, mas você é tão contraditória! Você diz o que não faz, e faz o que não diz ou o que não quer ou o que quer sem se importar com mais nada... E isso não me apetece, nem me alcança como uma boa definição de amor...

Por fim, creio que temos apenas que nos convencer e superar... O que faço com minha saudade, onde guardo o que sinto em teimosia são só detalhes no rodapé. Não há problema nisso...
Vamos embora! Cada qual pro seu lado, e sem mais explicações transformo minha história. É aprendizado e é recomeço.


(Por: Livia Queiroz)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Epílogo nº 07

Se ela pudesse extrairia gota à gota as lembranças ruins... Mas não era assim tão fácil! Tudo lhe martelava mente à dentro o quão magoada ainda estava, e o quão doloroso haveria de ser o caminho.

Era tarde, não havia no céu uma estrela sequer. Parecia que todas estavam a semear uma espécie sutil de luto. Fechou os olhos e no contorno de seu rosto, uma lágrima espremida brincou de ser dor em forma líquida.

“As pessoas amam demais o que perdem e não entendem que,muitas vezes, é preciso forrar novamente a cama, recosturar os farrapos, limpar a mobília”, era o que pensava e isso lhe arrancava um nevoeiro de sonhos desmanchados. E de olhos ainda fechados, encerrou sua noite, pedindo para que o luto das estrelas acabasse o quanto antes...



(Por: Livia Queiroz)

sábado, 1 de outubro de 2011

Epílogo nº 06

Sim...
Sou dona de uma resistência calculada, que não permite que se desenrole a dinâmica cruel dos fatos mesquinhos do outro, mas que em contrapartida não me torna tão imperativa assim. Esses danos de mim que contenho, fazem-me excepcionalmente comum, contudo há ainda detalhes que, se por ventura me descuido, podem me levar ao poço mais fundo...

Sigo em busca do que me é produtivo e do que eu possa produzir na vida do outro. Isso não é restrito a um segmento de relações. O outro, na minha concepção, é todo aquele que não sou eu, mas que ao mesmo tempo é parte significativa do que sou. O outro, nesse caso, é meu outro lado, mesmo que semelhante... É o externo das partes que não consigo tocar.

Me doem as pessoas que se julgam amar imensuravelmente e que, partindo desse princípio, acham que, sobre todas as coisas, nunca erram. Tem gente miúda no mundo, miúda por dentro... Gente do tipo que usa e desusa o que ama e odeia ao mesmo tempo... Há gente ruim pelo mundo afora...

Calculo portanto, a dose de resistência que usarei com esse tipo, esse tal tipo que no início da conversa parece inofensivo, mas que com o desenrolar da história, vai deixando escapar nas entrelinhas o negrume de seus arredores. Uso a medida exata e pronto! Coloco o sujeitinho no seu nível... e sem mais, sigo à diante.

E venha vida, venha cheia pra mim!!!


(Por: Livia Queiroz)