sábado, 1 de junho de 2013

Nem Era uma Vez...

                  *
Era uma vez uma noite
E uma menina revestida de lua
E olhos ávidos por futuro
Era uma vez um quarto
E uma janela sempre fechada
Uma cama serena
Alguns livros
Coleções de brinquedos
Era uma vez uma noite
Revestida de menina
E olhos de luar
Era uma vez um cansaço ligeiro
E pernas doídas
E repouso de corpo
                e espírito
E criança adormecida.

                  **
Era uma vez nessa mesma noite
Um corpo frio
Revestido de colchas
Embrulhado pro tempo
Era uma vez um frio no corpo da noite
Revestido de tempo
Nessas mesmas colchas
De retalhos de sonhos
E uma menina a sorrir
Pelo lado de dentro
[Que é onde vivem os sonhos]

                  ***
Era uma vez, indumentária florida
Chamando festiva a menina no sonho
Que ora era palácio, ora era suplício
Ora clamor, ora pudor, ora fervor
Era uma vez a menina no sonho,
Num palácio florido,
E com canetas nas mãos
Sem teorias nem demagogias
Sem regras, apenas entrega
Era uma vez umas canetas floridas
Em suma entrega ao papel em branco
De um sonho confuso
Sem jeito nem leito
Com dó do sujeito que depois
O adivinharia.

                 ****
Era uma vez uma menina
Acordando sem jeito
Sem nó no sujeito
Sem caneta nem papel
Nem palácio, nem cor
Sem flor, sem fervor
Só pudor e quase amor
Mas que ria, se ria
Toda se ria, de dentro
E de fora, sorria e se ria
Era uma vez um sonho
Que virou poesia
E se achava o mais lindo
Pois sem rima se ia
Mas a menina sem jeito
Danada de não lembrar
De um poema que foi feito
Todo revestido de luar.

Por: Livia Queiroz