Quem olha torto e me vê assim meio bamba, andando com o corpo desnivelado, mais pra direita que pra esquerda, pode pensar mal.
Pode julgar uma dor e depois disso tudo rola mesmo um efeito colateral.
O Povo vê. O Povo fala. O Povo não vê. O Povo continua a falar.
E alguns ainda ousam. Criticam. Desencantam.
Falam mal de minhas palavras, Pobres Palavras, que por vezes, em meio à confusão do dia à dia jogo sobre o tapete. Elas me escapam da boca. E reações adversas são mais que esperadas.
Ando em tom desbotado e quem vê assim de canto de olho, acha que sou infeliz, pensa que estou triste, mas juro que não! Essa é a minha cor. Meu brilho é fosco.
Não estou interessada em reformas, não seriam suficientes e não seriam justas comigo.
Meu pobre coitado argumento pende em cordão fino meio lá, meio cá. Acordo de um sonho em cores e vejo a vida acinzentada pelo olho mágico da porta ao lado.
Vou me deitar quando tiver sono, e os que me olham de espreita, pensam que sofro de insônia por preocupação e ilusões, mas é que no escuro da madrugada procuro soletrar rimas perfeitas até encontrar uma que sivra pra mim.
(Por: Livia Queiroz)