quarta-feira, 13 de maio de 2009

A cesta...



Como se uma aquarela infindável assaltasse meus olhos...
Como se eu não soubesse lidar com as minhas tristezas(quase voláteis) e o mundo risse de minhas mudanças repentinas de humor o tempo em que minhas lágrimas caem em forma de suor.

Como se a língua que eu falo não fosse a "pátria-minha", ou o idioma que ouço, me tivesse sido ensinado ao contrário.


Varro os olhos, as impressões, as faíscas do outro e guardo em minha cesta.
Podem não compreender.

E podem compreender até a última raiz de palavra que minha boca joga pra fora, mas que não vivam com os olhos semi-cerrados.


Minha cesta de restos aproveitáveis, trasborda-me ao compasso em que me ensina a agir no momento em que a vida me acontece.
Não adianta fugir, uma dia a cesta do outro nos cata, mas se eu contar o que sei de fato, o seu prazer se desmanchará como o sal na água virando apenas o meu suor de lágrimas...

Como se as pessoas soubessem o que fazer com seus restos...


Ninguém sabe. Ninguém entende nada sobre os fragmentos que deixam por aí.

Eu gosto desse lixo. Eu gasto. Cato. Uso. E jogo fora depois pra outro catar.
Apredendo assim. Reciclando experiências.
Não quero uma cesta vazia, senão terei uma alma murcha...


(Por: Livia Queiroz)

P.S.: Desculpem-me, caso isso não faça sentido para vocês...

Ao Som de: Zélia Duncan, "Eu não sou eu".