sábado, 3 de setembro de 2016

As cartas que não rasguei

N° 01

"A verdade é que cada um só dá o que tem"...
Eu passo a vida inteira repetindo isso pra mim. Como um mantra. Como o que me mantém de pé.
Fato é que entre uma repetição e outra a gente para pra respirar e é aí que mora o perigo (não na respiração,  mas na pausa).
A pausa tira do eixo.
E eu saí um pouco. Eu cruzei um pedaço da linha, por sorte percebi os sinais...
E eles eram tão confusos, mesquinhos.

Na hora do aperto a gente faz o melhor que pode. Tira de pano vira gaze, papelão vira tala, improvisamos nos primeiros socorros... e esperamos o "socorro real" chegar. É ele que tem a experiência pra estancar o sangue, pra imobilizar o corpo, suturar os cortes... a gente só assiste.

E adivinha? No meio do meu caos de pequenas lesões, ele chegou, usou todas as técnicas e me acalmou.
Era meu mantra soando na paz dos meus batimentos cardíacos: "Cada um só dá o que tem!"

Ok. Levantei suturada. E saturada!!!!

E me recuso a aceitar menos do que dou. Me recuso a ser refém de situações que não tenho porquê lidar. Mas principalmente,  me recuso a suprir demandas emocionais que não me dizem respeito.

Não há nada de errado nisso. Essa certeza me salva... de mim... da minha estupidez cardíaca, mas sobretudo, me salva de você.

Por: Livia Queiroz