sábado, 7 de novembro de 2009

(Contra)ditória


Livre e amarga, tentava acumular doses suas nas gotas de tinta que misturava para preencher aquela tela ainda branca, em tons (vazios)...
De repente, lembraria de quão vaga sua arte se tornara visto que fazia para sobreviver, pra não sufocar, pra não morrer lunática.
O rosto ora úmido ora ríspido pendia sob a luz, ainda que se escondesse dela. O efeito de seus olhos inchados lhe causava repulsa.
Ninguém tinha medo dela. Muito menos respeito: "artistazinha de merda".
De merda... De medo...
Qualquer um - muito embora, nenhum qualquer um sem nome e sobrenome fosse capaz de se aproximar - qualquer um devidamente registrado, seria capaz de entender-lhe a alma... oscilante.

{E eis que descubro que tenho tesão pela palavra ALMA. É o que mais interioriza o ser humano e além disso: hamuniza-o}

Dia desses, próxima semana talvez, as tintas, as telas, as olheiras lhe subam ao mesmo tempo ao cérebro causando quem sabe um risco em verbo estridente, caso possam imaginar... E talvez ela pinte sua última obra gotejando qualquer brando desejo de voltar ao mundo de antes.
Ela, morreu sem morrer.

Todos passam por ela.
Quem ela é?


(Por: Livia Queiroz)