sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Enchente



Tudo o que eu sei é que eu preciso da poesia.
Do desespero. Da suavidade.
Do lamento. Da fé.
Do tormento, atormento. Ah, tormento
E o corpo, forma em que minh'alma se faz gente
ora palpita ora submerge.
Só sei que preciso...

Cada rima solta em ritmo emoldurado
Enfileirado, enlouquecido
Cada carreira de alguém que declame-as
feito um tolo-louco-amante...
Eu preciso

Tudo o que sei é a poesia ao contrario
Que vem dos pés à cabeça e me deita
Me encolhe feito menino ainda arredio
sei os quês da dor, da morte, da agonia
tembém preciso

Cada verso reto, incorreto, entalhado
sentindo, inspirado, imaginado
Cada tilintar aos ouvidos
Eu preciso
Porque o que eu conheço é poesia ao contrario
dos pés a cabeça e que depois de declamada
encontra o sentido horario

E depois de proferida
corta-me a alma ao meio...
Sou um tonto. Sou um louco.
mas ela me toma por inteiro

Corta-me em rima,
Entrelaça-me em verso,
menino arredio que fui
amante que sou..
pó que serei

tudo o que sei é que eu preciso de poesia
como uma falta constante do que me é farto
porque depois de proferida,
ela me volta ao peito
e eu ainda tonto
só sei que sem ela não vivo.


(Por: Livia Queiroz)

domingo, 15 de novembro de 2009

Lenta

Ah, vida minha!
Corre ligeiro. Por que corres assim?
Mais dia é menos dia, vida minha!
Trago na palma da mão as cores que sublinho:

A cor morna dos seus olhos;
A cor do nosso encontro e a dos nossos lençóis;
O fosco dos paralamas e pára choques e pára brisas e pára raios,
mas não repara, não,
minha escrita pobre e confusa;

Há ainda o azul marinho da noite que tem mais e mesmo a cor de quando voce não está;
Eu te rabisco o Soneto de Fidelidade no meu papel de rascunho e jogo debaixo de sua porta.
Queimo-me de você a cada hora, a cada olhar em carne viva.
Minha carne.Viva.
Ardo.
Pronuncio seu nome bem baixinho,
de forma quase rouca
por conta desse seu cheiro
que me atrasa o ritmo.



(Por: Livia Queiroz)

sábado, 7 de novembro de 2009

(Contra)ditória


Livre e amarga, tentava acumular doses suas nas gotas de tinta que misturava para preencher aquela tela ainda branca, em tons (vazios)...
De repente, lembraria de quão vaga sua arte se tornara visto que fazia para sobreviver, pra não sufocar, pra não morrer lunática.
O rosto ora úmido ora ríspido pendia sob a luz, ainda que se escondesse dela. O efeito de seus olhos inchados lhe causava repulsa.
Ninguém tinha medo dela. Muito menos respeito: "artistazinha de merda".
De merda... De medo...
Qualquer um - muito embora, nenhum qualquer um sem nome e sobrenome fosse capaz de se aproximar - qualquer um devidamente registrado, seria capaz de entender-lhe a alma... oscilante.

{E eis que descubro que tenho tesão pela palavra ALMA. É o que mais interioriza o ser humano e além disso: hamuniza-o}

Dia desses, próxima semana talvez, as tintas, as telas, as olheiras lhe subam ao mesmo tempo ao cérebro causando quem sabe um risco em verbo estridente, caso possam imaginar... E talvez ela pinte sua última obra gotejando qualquer brando desejo de voltar ao mundo de antes.
Ela, morreu sem morrer.

Todos passam por ela.
Quem ela é?


(Por: Livia Queiroz)

domingo, 1 de novembro de 2009

RISCO

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---- Traços ----

Vá se despir de suas ideias patéticas, seus julgamentos ridículos e sem fundamentos.
Eu não quero mais seu gelo em mim.
E o que eu achava que era reversível não é. Na verdade nada em você nunca muda. Você faz e acontece e age depois como se tudo fosse normal.
Eu não sou remédio, eu não sou só colo. E agora eu saí de perto de vez.
Agora eu não quero mais ter paciencia, agora eu não quero mais entender.
Eu não quero palavras suas me assolando novamente. Porque meu caminho ja tem dona e meu sorriso também ja tem motivo: EU.

E tudo o que eu digo "em tom de desaforo" ameaça um desaforo seu.

Eu quero ver se você consegue, eu quero ver se você provoca, e eu quero ver se você prova e suporta o gosto que amarga céu da minha boca.

No fim das contas eu to livre de você, e livre de mim também... Daquele meu euzinho antigo e "pouco", e daquela minha vontade imensa de curar as suas dores mesmo que para isso eu tivesse que sangrar por todos os meus dias.

Eu passo na cara mesmo, e relembro sim tudo o que você fez e principalmente o que você não fez. É meu jeito de dizer que doeu e que agora acabou.
Perda de tempo o que estamos vivendo agora: eu tentar explicar tudo que você nunca entende sem antes me jogar um mundo sujo na cara.
Eu não vivo sua vida e nem você a minha.
O ritmo agora é outro. A direção também.
Entenda e fale o que quiser. Palavras mal ditas são irreversíveis.
E quando eu te disse: "Me esquece!", era verdade.
Esquece mesmo. Pra sempre. De vez.
Em outra época eu disse que estava cansada.

Hoje eu to enojada.

Meu mundo gira em torno de mim, e eu o apresento às pessoas.
Meu amor próprio, É SÓ MEU.
E aquele outro amor, aquele que eu sentia.
Aaah, esse aí não é definitivo não. E desbotou.
Cansei de você.
E não vou desistir de minha vida. Eu quero e preciso viver.

Muita gente espera por isso.


(Escrito em:18/10/09)

Por: Livia Queiroz