quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ascendente Câncer ( Parte final)

“Naty,

Antes de qualquer coisa quero que saiba que essa não é uma tentativa de reatar o nosso namoro, nunca foi essa a minha intenção. A única coisa que quero é falar o que deve ser falado... Procurei você várias vezes e não obtive sucesso. Entendo sua atitude e aceito.

Quero que saiba, que eu te amo pra sempre, e que nada do que eu disse de ruim, era verdade. A única coisa que há pra você, dentro de meu coração, é amor. E esse amor é puro, incapaz de qualquer atrocidade, de qualquer malvadeza.

O problema é que às vezes a boca contraria o coração. E é assim que as coisas ruins saltam da garganta. Enrijeci a alma e vi o resultado: te perdi.

As coisas não andam muito bem comigo, e eu nem sei se vou conseguir te entregar essa carta. Mas o que seria da vida sem a tentativa?

Que a nossa história acabou eu entendo e suporto. Que você ama outra pessoa, eu me esforço para acreditar. Que você me esqueceu e não me ama mais, por mais que eu tente, isso não me soa como verdade.

Mas, ser racional que sou, não pretendo alimentar expectativas e nem invadir sua vida de maneira irresponsável, até porque sei também de todos os obstáculos que você enfrenta...

Durante todos esses meses que te procurei só queria te pedir uma coisa: por favor, me perdoe. Não me deixe ir embora sem seu perdão. Entenda que cedi à um impulso vil e sujo, e que não queria fazer você pensar que sou o que não sou.

EU TE AMO,
Lara.


P.S.: Desculpe a caligrafia, é que não tenho mais a mesma coordenação motora de antes... : )"

Era o que dizia a carta do envelope azul marinho que só foi aberta por Natália um mês depois, quando a mesma criou coragem para lê-la. Embora não notasse, sua vida nunca mais fora a mesma, passou a pensar que talvez não tivesse mais tempo no próximo minuto e passou a fazer hoje o que é pra ser feito hoje. Quanto ao namoro, se seguiu, e ela aos poucos foi voltando à felicidade habitual, sem grandes emoções é verdade, mas ainda precisaria de muito tempo para aprender e entender que a vida foi feita para ser vivida com intensidade. Isso era questão de tempo.

Silvia trocou o trabalho que odiava e passou a fazer o que realmente amava: dedicou-se a fotografia. E estava além de feliz, realizada. Anos depois conheceu alguém, por quem se apaixonou novamente e com quem descobriria de novo o gosto da felicidade.

Agnes voltou ao apartamento da filha com o coração repleto de remorso. Não se perdoava e passara a fazer terapia com Ricardo. Ninguém melhor que ele para ajudá-la.

E Lara... Lara estava bem... Feliz... Em paz... Do jeitinho que gostava...

E num lugar, sem dúvida, muito melhor que o que todos nós estamos.

- Quando pensar nela – dizia Silvia à Natália – pense com todo amor que ela merece!


POR: LIVIA QUEIROZ

FIM!