sábado, 24 de janeiro de 2009

A última carta que te escrevi

Foi assim:
Foi bem no fim; no limite(no meu e no seu); foi no nível mais alto das minhas suposições e de sua cegueira (momentânea).
Era madrugada de domingo (quase segunda), um dia que passava dolorido por mim porque eu sabia que começaria a sua semana e com ela viria todas as complicações, todos os problemas se tornariam mais nitidos e nossa distância ficaria cada vez maior.
Oh (cara de espanto!!!), eu sofria por sua dores.

Eu escrevia no meio da madrugada certa carta cortada por umas palavras que eu não esqueço, porque nunca saíram do papel.

Dizia umas coisas doídas. Falava de Saudade.
Dizia assim: "[sinto]Saudade de seu ar sereno... Do tom doce de falar (quando não briga por bobagem)... Saudade de seus olhos, que às vezes se perde no meio da conversa e transforma-se em voz, perguntando: 'Ahn?'; 'Foi?'; 'Ah, tá!É?'"

Eu falava também das briguinhas sem motivos concretos. Alguém lançava a faísca e pronto: o incêndio ja tava formado. Foram inúmeras queimaduras. GRAVISSIMAS!

E se não me falha a memória, lembro que escrevi no finalzinho:
"Sonha com os Anjos e dorme comigo.
Por mais que doa, te amo pra sempre.
Ficaremos bem."
Enquanto escrevia rezava baixinho para que algum anjo adentrasse pela janela e te levasse a minha carta. A última.

Os Anjos não vieram. Nem passaram por perto.(Decepção!!!)
Só hoje sei porque...
Eles sabiam que eu havia esquecido de escrever tanta coisa...

Esqueci de escrever que eu sabia que o tempo passaria, e a dor ia adormecer, mas um dia nos encontraríamos na rua e talvez nem nos cumprimentássemos. E nesse dia, você iria me mostrar o novo brilho em seus olhos e um outro espaço preenchido por um amor novo, um tal qualquer.
Esqueci de dizer que eu estava do seu lado e você não viu. E que não cobro o tempo que passou, só não consigo entender o que você também nunca soube me explicar.
Esqueci de dizer também que um dia talvez o que eu sinto (hoje com menos intensidade) morra de vez e quando isso acontecer, eu no meu canto e você no seu, lembraremos que somos apenas seres humanos.

E assim as linhas ficaram poucas mas lembrei do que esqueci. Como não ia mesmo te entregar essa carta nem que os Anjos me aconselhassem, deixei-a guardada pra o futuro responder.
E a outra foi transformada em pequeninos pedaços risonhos no lixo...

P.S.: A outra carta atirei mesmo no LIXO!
Não só a carta!


(Por: Livia Queiroz)