Mesmo depois de algum tempo, os olhos dela ainda eram os mesmos."Eu não posso olhar para ela, não posso", dizia para si mesma.
Olharam-se... e ja não tinha mais como fugir.
O beijo tinha o mesmo sabor.
O toque era intenso ainda. Tudo igual...tudo...
Como assim? Como podia?
Não haviam falado nada do que deveriam, o silêncio passou a ser constrangedor, mas era bom ao mesmo tempo, estar ao lado dela.
Sentir seu ar sereno, a respiração leve mastigando o ar.
Aquilo era bom, realmente!
"O mundo podia acabar agora", pensava.
E numa fração de segundos estavam ali, juntas, bocas, mãos, corpo...todo o corpo.
"Por Deus, o que é que estamos fazendo?", pensou, mas logo abstraiu esse pensamento indesejado.
Alguns "eu te amo" cortaram a silêncio ao meio.
"O que estou fazendo?" pensava, insistia, mas o corpo não obedecia mais, e não fazia questão nenhuma de parar.
"Não quero ficar sem você", foi o que disse...foi o que sentiu... o que quis gritar.
Tremiam por dentro, exalavam aqueles cheiros de sexo a ser consumado.
Entupiam-se uma da outra.
Mordiam-se, por dentro e por fora.
"Que desejo louco..."
Algo ficou por terminar.
Declamavam um poema quase pronto, mas faltavam alguns versos e ambas sabiam disso.
Embora não tivessem dito nada. E já era a hora de ir...
- Eu te amo viu?
- Eu também. Tchau!
E o que viria depois disso?
Talvez uns últimos versos pra completar o poema que faltava ser vivido.
(Por: Livia Queiroz)