sábado, 7 de julho de 2012

Parar

O fim de um amor dói... Dói pelas possibilidades, pelas más e boas vontades, dói pela determinação, pela naturalidade. E dói inúmeras vezes e por diversos motivos!

O fim de um amor dói quando no meio da madrugada o sono foge e você redescobre pela milésima vez que não tem mais em quem pensar, por que pensar é um meio de materializar a dor.

Dói quando bate a saudade e você quer ligar pra contar e não pode, ou não deve. Ou o orgulho não permite. E aí você prefere contar aos amigos, mas “a sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens e estará sujeita à cobrança após o sinal.”

Dói o primeiro fim de semana só. Dói a não ligação. Dói o almoço hambúrguer sem você. Dói o não cinema. Dói o não hotel. Dói a não cama. Dói o não fazer amor, o não estar amor e o não ser mais amor. Tudo dói, e dói com a força de toneladas pressionando o peito e comprimindo a respiração.

O fim dói quando, depois de um tempo, você se conforma, se revolta, conforma de novo, se revolta, esvazia, se conforma e quando está quase pronta, sente Saudade de novo. Dói. Dói porque não deve, porque não pode, porque estava quase lá... Porque sentir saudade de novo é uma afronta às coisas conquistadas.

As “coisas conquistadas” também doem... As bocas, somente língua e saliva, vazias de emoção. Os corpos apenas sexo mais vazios ainda, comuns, desinteressantes, estúpidos. Dói não ser você em minha boca, não ser você em meu corpo, não ser você em mim toda por todos os lados e posições. Dói. Apenas isso: Dói!

Doem as reclamações que não vem de você. Dói o não cuidado. Até o tempo dói. O tempo se rala com aspereza e vagarosidade ante minha face e me torna uma des-espera murcha, pitoresca, esdrúxula. Dói o “quem sabe um dia”, o “o que tiver que ser será”, o “talvez tenha sido melhor assim”, o “gostaria de pelo menos ter sua amizade”, o “eu ainda te amo, mas infelizmente as coisas não andam bem”. Tudo dói por ser verdade e mentira ao mesmo tempo.

Dói minha vontade de acabar com tudo. Doem os conselhos, os rejeitos, a repulsa por ti que às vezes sinto. Doem os novos números de celular que possuo só pra saber (com um pouco de ego, felicidade e insegurança) que se você me procurar não vai me encontrar. Dói lutar só, superar só, esquecer só e ter que ser só.

Dói repetir mil vezes pra mim mesma que “não valeu à pena” na tentativa de incutir-me outros pensamentos. Dói se desprender, se livrar, desfazer-se das necessidades. Dói matar o amor e/ou deixar que ele morra sabendo-se o que está fazendo.

O desligamento dói, e é como se pontinhos de luz espalhados estrategicamente pelo corpo todo com o intuito de serenar e iluminar a cada dia se apagasse. Um de cada vez. E o corpo tem medo de escuridão, sacode-se, irrita-se, reclama e luta inutilmente para reacender os pontos, mas eles continuam se apagando... apagando... apagando...


Parar Dói!




Por: Livia Queiroz