segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Portinhola


Eu sou de pó
Ouro puro de pouco valor
Ou de muito valor
(Porque isso de valor é relativo)
Sou do valor que me dão.
E do valor que me dou.

Sou toda feita de mim
Com umas fitas costuradas
Só pra dar acabamento.
Cheia de cores, e simbologias
Que é meu jeito de ser incógnita
Mas só as vezes,
E só pros que não sabem ler.

Para que serve a palavra
Se o desatino é um espiral irregular
A descer “goela abaixo” traiçoeiro?
Para que serve se doar
Se a medida de outrem
É composta em sua maioria
do que não lhe serve mais?

Sou feita de mim
Num canto cheio de perguntas
Num zelo cheio de respostas
Que não enxergo
Para não perder o encanto.
Nasci de algumas metidas
Fortes penetrações
E ainda não descobri
Se sou gelo, esperma ou morte.

Para que servem as perguntas?
A poesia é organizada
num desregramento milenar
Onde, ser não e ser sim
não é nem bom nem ruim
É estado presente e não absoluto
Nada é tão passivo.

Nada é tão.

Simplesmente é.
E eu nasci.

Por: Livia Queiroz