A gente se acostuma e até releva
os adjetivos errôneos, porque quem tem boca fala o que quer mesmo que fale asneiras e proclame as insanidades mais deslavadas...
A gente aceita - e até ri de canto de boca - ter um pejorativo errado “o sapatona” (quando o correto seria sapatão).
A gente até se acostuma com piada de “viado”, e ri junto se for engraçada, e até aprende pra contar aos nossos amigos do babado depois. A gente só não ri do que fere nossa inteligência...
A gente aceita - e até ri de canto de boca - ter um pejorativo errado “o sapatona” (quando o correto seria sapatão).
A gente até se acostuma com piada de “viado”, e ri junto se for engraçada, e até aprende pra contar aos nossos amigos do babado depois. A gente só não ri do que fere nossa inteligência...
O que a gente não dá conta de
aceitar é ver nosso desejo jogado no lixo, é ver reacender fogueiras onde as
corjas ditas “santas” queimarão nosso sexo como se fosse papel em desuso.
O que a gente não precisa entender é o motivo pelo qual se preocupam com o conteúdo das paredes de nossos quartos, com nossas mesas de bar, com o que há por trás de nossas mãos dadas e nosso riso de gente.
O que queremos dizer com tanta luta, com tantos discursos, com tanta voz alta é que em pleno século XXI nenhuma raça, nenhum clã, nenhuma classe – ou como prefiram chamar – deveria mais precisar levantar bandeiras (pois elas já estão todas hasteadas), o ideal seria apenas não tentar rasgá-las.
O que a gente não precisa entender é o motivo pelo qual se preocupam com o conteúdo das paredes de nossos quartos, com nossas mesas de bar, com o que há por trás de nossas mãos dadas e nosso riso de gente.
O que queremos dizer com tanta luta, com tantos discursos, com tanta voz alta é que em pleno século XXI nenhuma raça, nenhum clã, nenhuma classe – ou como prefiram chamar – deveria mais precisar levantar bandeiras (pois elas já estão todas hasteadas), o ideal seria apenas não tentar rasgá-las.
A nossa luta é por uma bandeira
inteira, intacta, sem remendos. E quando falamos em bandeira, não falamos de
pano em mastro, falamos da noção exata de respeito, com todos os caracteres
inclusos, com todas as formas, tons, e sons possíveis. Não queremos ter que cansar
a voz, nem as pernas e os braços em protestos desnecessários. Queremos o
direito diário de levantar todos os dias com a certeza de que estamos em paz e
também cantaremos loas. Queremos desarmar nossos armários.
Por: Livia Queiroz