domingo, 4 de outubro de 2015

Dedos apostos

Ela não consegue mais encontrar o caminho do poema
Nenhuma palavra aparece,
Nenhum som é encantadoramente interessante
Nem as mazelas da vida lhe são mais inspiradoras
Nem as paixões mais intensas
Nem a falta de rotina

Lá, no meio do mundo
O soneto se partiu ao meio
como que atravessado por um trem
como uma porcelana despencando da mão
como o pouco timbre dos que não existem...
E ela segue indignada pelo mundo
mas não lhe vem um verso
uma ousadia, uma ironia, um protesto
e por ora, ela segue procurando:

Olhos atentos,
boca entreaberta,
olfato preparado,
dedos apostos.

Mas, por enquanto,
Ela é só isso!


Por: Livia Queiroz