quarta-feira, 28 de setembro de 2016

.ignorável.

.deus.
ou quem quer que esteja ouvindo
me ajuda a não me afogar
nessa dor de peito grunindo
cheio de água, sal e pesar

.deus.
ou quem quer que seja você
me acuda, que já não há porre
que me faça retroceder
do pesar sombrio que escorre

.deus.
ou quem quer que esteja na escuta
coloca aqui no centro da minha mão
uma resposta ou uma norma de conduta
que desobstrua a entrada poesia-coração

Por: Livia Queiroz

terça-feira, 6 de setembro de 2016

As Cartas que não Rasguei n° 2

Enfim sós: Eu e o escuro.
A madrugada me apoia todos os dias que a insônia se encarrega de me trazer melodias que jamais, JAMAIS sairão da cabeça pra não dar o gostinho de saírem pra você.
To me matando por dentro, eu sei que to.
To corroendo meus riscos e até as cores que gosto dos livros que pinto: acorrentei, TODAS.

O que eu quero é o sossego da deriva...
Aquele minuto em que bate a desesperança e você sabe que vai morrer e é aí que o último instinto salta na garganta e rasga a voz, destroça o peito e vira o corpo do avesso contraindo tudo o que lhe dói num só vômito de realidade.

Quero esse ápice.
Quero esse esclarecimento de que você se foi.
De que você é o caminho sem volta.
A onda inoportuna e inconveniente.
Quero essa noção de distância em número.  Quero a quilometragem exata e imoral. Quero o barulho de sua respiração descompassada longe de mim.

Estou no aguardo...

Por: Livia Queiroz

sábado, 3 de setembro de 2016

As cartas que não rasguei

N° 01

"A verdade é que cada um só dá o que tem"...
Eu passo a vida inteira repetindo isso pra mim. Como um mantra. Como o que me mantém de pé.
Fato é que entre uma repetição e outra a gente para pra respirar e é aí que mora o perigo (não na respiração,  mas na pausa).
A pausa tira do eixo.
E eu saí um pouco. Eu cruzei um pedaço da linha, por sorte percebi os sinais...
E eles eram tão confusos, mesquinhos.

Na hora do aperto a gente faz o melhor que pode. Tira de pano vira gaze, papelão vira tala, improvisamos nos primeiros socorros... e esperamos o "socorro real" chegar. É ele que tem a experiência pra estancar o sangue, pra imobilizar o corpo, suturar os cortes... a gente só assiste.

E adivinha? No meio do meu caos de pequenas lesões, ele chegou, usou todas as técnicas e me acalmou.
Era meu mantra soando na paz dos meus batimentos cardíacos: "Cada um só dá o que tem!"

Ok. Levantei suturada. E saturada!!!!

E me recuso a aceitar menos do que dou. Me recuso a ser refém de situações que não tenho porquê lidar. Mas principalmente,  me recuso a suprir demandas emocionais que não me dizem respeito.

Não há nada de errado nisso. Essa certeza me salva... de mim... da minha estupidez cardíaca, mas sobretudo, me salva de você.

Por: Livia Queiroz