Como se uma aquarela infindável assaltasse meus olhos...
Como se eu não soubesse lidar com as minhas tristezas(quase voláteis) e o mundo risse de minhas mudanças repentinas de humor o tempo em que minhas lágrimas caem em forma de suor.
Como se a língua que eu falo não fosse a "pátria-minha", ou o idioma que ouço, me tivesse sido ensinado ao contrário.
Varro os olhos, as impressões, as faíscas do outro e guardo em minha cesta.
Podem não compreender.
E podem compreender até a última raiz de palavra que minha boca joga pra fora, mas que não vivam com os olhos semi-cerrados.
Minha cesta de restos aproveitáveis, trasborda-me ao compasso em que me ensina a agir no momento em que a vida me acontece.
Não adianta fugir, uma dia a cesta do outro nos cata, mas se eu contar o que sei de fato, o seu prazer se desmanchará como o sal na água virando apenas o meu suor de lágrimas...
Como se as pessoas soubessem o que fazer com seus restos...
Ninguém sabe. Ninguém entende nada sobre os fragmentos que deixam por aí.
Eu gosto desse lixo. Eu gasto. Cato. Uso. E jogo fora depois pra outro catar.
Apredendo assim. Reciclando experiências.
Não quero uma cesta vazia, senão terei uma alma murcha...
(Por: Livia Queiroz)
P.S.: Desculpem-me, caso isso não faça sentido para vocês...
Ao Som de: Zélia Duncan, "Eu não sou eu".
Ao Som de: Zélia Duncan, "Eu não sou eu".