segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Leve...
Às vezes a gente diz um adeus doído pra ver a cara de felicidade batendo à porta.
Eu entendo agora os seus braços sempre sedentos, precisei de fato, entender antes de voltar pra eles e antes de ser do jeito que um anjo merece ter alguém.
Os anjos também sabem perdoar não é?
Os anjos, suponho eu, não tem um ego para alimentar...
A gente tem mania de gritar quando não tem muito o que dizer...
Temos mania de achar que sempre sabemos o que nos espera quando avaliamos as possibilidades normais e simples e aí acabamos não enxergando o caos arranhando nossas paredes...
Ficamos com a mesma mania estúpida de querer a paz e só enxergar a sua necessidade quando nos vem chegando a guerra interior e particular.
E temos a mania de não agradecer... de não entender ou de entender por demais... de não perdoar ou de aceitar sempre...
No fim das contas vem a vida e acerta tudo com o ponteiro rígido aparando mil e uma arestas.
Vem o tempo e atravessa as portas, adentra pelas janelas, não cumprimenta ninguém e ainda leva o que se julga ser dono.
Leve... Ora, que leve!
E que seja sempre assim, mas que ele me deixe a mania de encontrar seu abraço em qualquer canto e seu cheiro em meu corpo...
E só!
(Por: Livia Queiroz)
sábado, 16 de janeiro de 2010
Surpresa...
O amor é cego.
E eu derreti as letras de seu nome.
E uma flor largada longe,
ao norte,
milhas e milhas daqui...
Fazia frio quando fechou a porta
pelo lado de dentro.
Você não me parece mais a mesma,
(E quem de fato o é?)
Tudo parece você.
Nada é como você [...]
Já não serve pra nada o desejo de estar por perto[...]
Derreti ao longe - milhas e milhas daqui -
as letras do seu nome,
as cores de suas roupas,
as presilhas de cabelo,
o nó que nos atava,
o lençol que te cobria,
a magia sonsa dos grandes amores...
(Por: Livia Queiroz)
domingo, 3 de janeiro de 2010
Pintura
Esfregas sobre minhas carnes teu pelo macio
De forma que ao cheirar-te,
rente à minhas narinas,
sinto teu sal abaixo de minha língua.
O que há tempos passados
enlouquecer-me-ia em estágio puro de repugnância,
causa-me agora um fervor rígido
pela coluna sabiamente emoldurada.
Ao passo que o passo se engole
o rigor das horas,
dos quilômetros por hora,
dos metros por minutos,
das areias arrancadas pelo vento,
Ao passo que o passo se devora,
meu passo faz volta anti-horária
e pára frente a tua porta.
Meia noite,
e somente tua silhueta se oferece
para que eu lhe coma
com todo meu instinto
e com toda minha ternura.
Para que eu lhe xingue
tal qual uma vadia
que pede mais um gole sempre.
Para que lhe derrame
minha sombra liquida e quente,
e rasgue teus últimos pudores de boa moça
enquanto arranha-me as costas
e entre os lábios prendes a minha carne,
morna, leve.
Tua.
E se me pedires um poema,
direi que não és uma causa pra poema,
Envergonhas a palavra,
Envergonhas o amor
Envergonhas a vergonha.
Somente o teu pelo
a esfregar-se por minha barriga
far-me-ia mudar a idéia tola
de que não serves para um poema,
um verso que seja.
Engulo-te e cuspo.
Sugo-te e regurgito-te.
És apenas pintura magoada.
Mulher dessas mulheres todas
que atravessam ruas
e olham pelos cantos dos olhos
a quem lhes ousa um cumprimento ainda que vulgar.
És mulher dessas mulheres
que pensa estar ao alto,
e no entanto sou eu quem te alcança
e lhe pega em cheio
como que uma pancada na nuca.
Deixas de ser suave,
pois a meia noite tua silhueta te ofereces
a mim para que eu lhe coma.
Como a mais sabia das putas,
esperas-me na mesma esquina todos os dias.
Ai de ti se eu não for!
(Por: Livia Queiroz)
Nota: Não conheço a personagem do poema, eu juro, mas se alguém conhecer por favor me avise! rsrsrsrsrsrs