Eu sou dilatada, mas nem tanto inconstante.
Cometo minhas bobagens, porque eu tento de quase tudo. O futuro passa ligeiro e em minha cabeça não há meios que me segurem os punhos. Eu tento pra ouvir não, eu luto antes de me quebrar em pedaços.
Meu defeito é a preguiça dos dias corridos. Minha dor é o orgulho dos amores maltratados. Meu arrependimento é o colo que não tive e o beijo que não pude dar, ou não quis; e o tempo que perdi com coisas fúteis e coisas ditas “ao torto” quando a voz perde o timbre e a cor fica cinza de vez.
Eu gosto é de paz interior, mesmo que às vezes eu cace guerrilhas e provoque milícias e mais milícias de tempestades em copos d’água.
Eu gosto de desejos, e de palavras falando sobre eles.
Gosto de travessuras e travesseiros com seus cheiros e segredos de noites e dias bem amados. Gosto de brincar, sobretudo de ser feliz, que é o ensaio pra felicidade real. Adoro os parques de diversões da alma, e mais ainda, as rodas gigantes de sonhos.
Eu gosto de esquecer, mas antes tenho de lembrar primeiro. Porque eu sou dilatada, mas nem tanto inconstante.
Odeio os dias não idos, não vividos. Odeio as dores que sinto. Odeio mesmo! Como um animal feroz.
Detesto ter que em explicar, ou explicar pelos outros. Na minha festa quem dança sou eu! Detesto não saber o que sinto, e não saber ainda, o que não sinto. Odeio me perder da rédea curta que me pus, e enfiar os pés pelas mãos. Odeio ouvir não’s, ainda que necessários, ainda que óbvios, ainda que sutis.
Mesmo assim cometo minhas boas bobagens...
Espero horas e horas alguém que não vem,
Espero meses e meses alguém que obviamente não vem,
Procuro alguém que não vem,
Procuro várias vezes alguém que não vem,
E disso não me arrependo, mesmo ao ouvir o tão odiado “não”. Disso não ouso ficar intolerante, no máximo “sofrendinho” por dias incuráveis. Sabendo de doses certas de tempo. Porque TODAS AS COISAS mudam. E disso não me esqueço nunca!