É estranho, mas eu acho que gosto, você me pede umas cartas mesmo depois de termos nos deixado, mesmo sabendo que não há mais razão nenhuma, motivo nenhum, que as coisas tristes já passaram, que as pessoas todas já se acostumaram com o fato de nossas vidas não fazerem mais belas sincronias.
É como saber que, mesmo dando tudo errado, você ainda exige explicações, respostas e exige que alguém me faça feliz. E não suporta a idéia de ainda sentir seus ciúmes faiscando os olhos. É como se eu entendesse que, de alguma forma, por algum motivo, você desejasse o melhor pra mim. E não é um melhor do tipo genérico, é um melhor mais específico cujos detalhes e critérios só você sabe e eu por mais que me esforce não consigo alcançar o tipo de seleção de bom e ruim que você faz ao escolher as coisas que vão pra minha vida.
A gente anda se entristecendo à toa, e eu sei disso, porque, embora tenha te deixado partir com suas mágoas, sinto o que sentes mesmo que esteja há anos luz de distância. E sei que meus motivos não cabiam na sua lógica, mas ainda não aprendeu que a decisão que tomo pra minha vida tem que ser minha? Ainda não entendeu que somos completamente diferentes e sua razão não acompanha o que tenho por minha felicidade. Eu quero estar feliz, e não me anular.
A gente anda se entristecendo, como eu ia dizendo, você por estar onde está, como está. E eu... quanto à mim, minha querida, não sei explicar essas oscilações, mas sei que você saberia num piscar de olhos me mostrar o que há. Eu sinto sua falta, sinto falta da estrutura de cada frase, da presunção, até da arrogância às vezes exacerbada.
Mas fui eu quem deixei você ir assim, cheia de coisas por dizer, se eu tivesse insistido em falar o que eu deveria talvez restasse hoje um pingo de bondade de sua parte, e você pudesse, ao invés de dizer que estava certa o tempo todo, dizer o quanto se importa, e que era tudo medo de me ver doída de novo e não conseguir me proteger.
Por: Livia Queiroz