Casas.
Casinhas.
Amontoadas.
Pequenininhas.
Encaixadas sem novidades.
Dentro de uma:
Um João pede bis
Uma Maria quer passagem
Noutra:
Uma Ariadne nasce atriz
Irmão que foi, deixa saudade
E nas casinhas, meu Deus
Fico a pensar,
Será que há mesas,
Cortinas, Colchas
Lugar de brincar?
Será que o lado de lá
o da cidade “feliz”
Sabe da mistura de cores
Que a sujeira não diz?
Todas dormem e acordam
Encaixadas por um triz
Todas cantam e combinam
Remontando o “chão de giz”
E o lado de lá meu Deus
Será que conhecem tijolo
sem reboco, sem gesso
sem degradê, sem textura
sem quadro, sem tela
sem mistura?
Será meu Deus que sonham as
flores?
Será que esperam amores?
Há felicidade, que eu vi
Há moral e há bons costumes
Há voto do povo, há gente boa.
Mas será que nas noites
em que sonham seus sonhos
essas casinhas, meu Deus,
se amarrotam de esperança?
Ou será que, em seus sonhos
encaixados, já são as donas
da própria fé na vida,
na imaculada existência?
Quisera saber,
quais certezas elas escondem
se sabem-se ser, ou estar
Se amontoadas como são
concatenam pensamento.
Quisera eu notar
algo além de seus silêncios
em quebra-cabeça.
Quisera eu ser alguma coisa
que elas ja são.
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Por: Livia Queiroz