quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A poesia há de matar o mundo.



Se tem uma coisa que posso dizer sobre esse misto de palavras em versos, sobre esses versos em rimas... Sobre esses vícios em sonetos, sobre esses sonhos diluídos nas palavras de Sr. Ninguém, é que isso ainda vai matar o mundo.

E oro, e imploro pra que isso aconteça o mais rápido possível... É que não me aguento, não sustento minhas próprias pernas vendo tanta caricatura fúnebre.

A poesia há de matar o mundo.
Há de dilacerar tal qual fera violenta o mundo das crueldades.
Há de implodir em grau de atomicidade o mundo das dores.
Há de acabar com o mundo onde se exterminam os sonhos, as borboletas e os gibis.
Oro pra que a poesia acabe com a parte do mundo que se pinta de vil, de lamúria, de leviandade... Imploro pra que ela encerre com maestria e frieza o mundo dos apegos, das filas egoístas, das trilhas poluídas.

A poesia vai acabar com o mundo e suponho que isso ocorra um dia antes de se findar a primavera para que as sutilezas do verão deixem de ser as carnes ao sol e passe a ser o desenho das sombras pelas areias das praias...
Para que as palavras formais também ganhem brilho, não pelo que significam, mas por causa de quem as pronuncia...
Para que os casamentos tenham finais felizes ainda que não sejam pra sempre...
Para que massinha de modelar tenha a mesma importância que as tabelas periódicas...
Para que todos os calendários sejam mais coloridos...
Mas para que, sobretudo, o mundo se revigore de si mesmo...
A poesia há de acabar com o mundo.
E eu não me chamo quem eu sou.

Por: Livia Queiroz