terça-feira, 10 de março de 2009

Nem sonhar mais se pode!

Eu sonhei. Acho.
E acho que sonhei porque às vezes penso que esse sonho era meio-sonho-meio-verdade. Tudo junto, tudo misturado.
Erguia as mãos como quem ergue uma criança ao colo e a pousa junto ao peito fazendo-a se sentar sobre seu braço. Mas não havia criança nenhuma nesse sonho(Porque em sonhos temos uns gestos ridículos?). Só usei isso pra descrever a sutileza de meus braços.
Havia uma conversa contínua de vozes irreconhecíveis que cortava o instante, uma voz era calma, rouca e masculina; a outra era aguda imperativa e feminina.
Uma porta separava-me dos rostos das vozes. Eu conseguia entender algumas palavras, mas tudo era absolutamente solto. Cada letra uma interrogação nova.
Isso se passava numa sala, clara e oca, com mais duas portas que levavam provavelmente a lugares distintos(não sei exatamente, em sonho tudo é possível). Uma das portas era a que eu desejava entrar, a porta que levava às vozes. Fiquei lá por algum tempo, os sussuros as vezes aumentavam e eu podia ouvir um "Você" ou "Nunca, isso nunca" ou "Já chega!".

Tempos depois a porta se abriu alguns milímetros e fechou-se novamente aumentando minha agonia. A voz aguda em alto e bom som dizia:"Eu sei, eu entendo tudo". A outra voz retrucava: "É preciso calma".

A porta novamente se abriu e consegui enxergar apenas um pedacinho da sala, uns centimetros da mesa, um celular e uns papeis desordenadamente dispostos sobre a mesma. A mão masculina pegou um dos papéis, e ambas as vozes não disseram nada, a mão que lia deu um suspiro e colocou novamente o papel na mesa. Reparei nessa mão: os dedos eram grossos e comprimdos, as costas da mãos eram brancas e veias azuis eram exibidas, parecia ser uma mão firme e que calculava com exatidão as palavras que usaria: "É preciso analisar os prós e os contras".

A voz aguda parecia irredutível , de relance peguei uma escapada da cor do tecido do que podia ser um vestido, ou uma saia, ou uma calça, um tecido branco com uns detalhes em tons de azul. Era percptível o nervosismo da mulher, pois o vestido captava o movimento de suas pernas a balançar.

Acontece que se eu soubesse que aquilo era sonho, no sonho, eu poderia entrar na sala, perguntar o que era aquilo tudo, o que estavam conversar e descobrir quem eles eram. Mas eu não sabia que podia matar minha curiosidade.
Por último, a voz aguda se levantou porque eu escutei o arrastar de uma cadeira contra o piso branco da sala, em seguida o dono da outra voz se levantou também porque avistei a sua mão pendurada ao lado do próprio corpo que vestia uma camisa azul ou preta ou verde ou... ou...
A mão masculina se ergueu em forma de concha e quase se fechou, fazendo com que os quatro dedos encontrassem com o polegar da mesma e acompanhassem o ritmo da frase: "Por favor, pense bem".

A voz aguda já havia pensado e nada disse, deve ter virado as costas e saiu andando em direção a porta, consegui ouvi o barulho de seus saltos provalvelmente muito altos, tocando o chão, e se aproximando.

Eu, do lado de fora, esperando a porta se abrir e eu enfim poder encarar as duas mãos, os dois trajes, os donos das vozes.
Ela chegou até a porta, e a segurou, pude ver seus quatro dedos da mão esquerda segurando a porta a fim de abri-la, as unhas grandes e pintadas com esmalte incolor brilhavam, porque o Sol estava amarelo iluminando o ambiente.
A voz rouca ainda tentou "Pense bem", fazendo com que a outra interrompesse o movimento calmo que realizava ao puxar a porta para si, abrindo-a para mim.
Ela hesitou por alguns segundos, ouvi sua voz chorosa, e sei que escorreu uma lágrima, porque ela fungou e tirou a mão da porta(provavelmente para enxugar os olhos) mas em seguida se recompôs e voltou ao movimento interrompido.
E ela ia abrindo e ia dar de cara com minha cara curiosa e eu pouco me importava. Enxergava meu sonho e me exergava como a quem assitia um filme.

Cada centímetro aberto era um à menos para mim, e um à mais para ela (para ele eu não sei). Vi parte da sua perna coberta pelo que tive certeza ser um vestido. E ela continuava decidida, ia abrir, resmungando baixinho entre umas lágrimas teimosas. Vi um clarão quando ela abriu a porta e um rosto conhecido diante de meus olhos, muito, muito proximo dizendo:

- Livinha, meu amor, acorda. Tá na hora.

É por essas e outras que tenho preferido dormir só...

(Por: Livia Queiroz)


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