quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Subliminar

Ela é uma poesia...
(Descobri isso sonhando)
Descobri isso porque o calor do abraço dela
O ritmo de voz dela, o cheiro dos cabelos dela
O riso, o jeito, o ato, e tudo o que não lhe é perfeito
tudo o que não lhe cai como uma luva
São também poesias...
São rumores a me encravar a garganta
São pedaços de pecados que não são eu e que não vejo
E ainda assim, confusos e melancólicos, são também poesias...
Ela não é poesia de amor, de medo, nem dor,
ela sequer é soneto, não é água morna, ou rasa, ou funda
Ela é traiçoeira,
Pior: é poesia de si mesma
Dessas que quando se desprende
contamina tudo e derrete o ego.
Ela é, toda por si só, uma poesia
É dessas que ladra, morde, mas assopra
É distância eminente de mim
É relevo em constante alteração.
Ela não é de nada mas tudo parece lhe contemplar.
Ela sequer existe mas me é intríseca e familiar.
Ela é diatômica e presunçosa
E me é poesia a todo instante insistente de horas.



Por: Livia Queiroz