sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Enchente



Tudo o que eu sei é que eu preciso da poesia.
Do desespero. Da suavidade.
Do lamento. Da fé.
Do tormento, atormento. Ah, tormento
E o corpo, forma em que minh'alma se faz gente
ora palpita ora submerge.
Só sei que preciso...

Cada rima solta em ritmo emoldurado
Enfileirado, enlouquecido
Cada carreira de alguém que declame-as
feito um tolo-louco-amante...
Eu preciso

Tudo o que sei é a poesia ao contrario
Que vem dos pés à cabeça e me deita
Me encolhe feito menino ainda arredio
sei os quês da dor, da morte, da agonia
tembém preciso

Cada verso reto, incorreto, entalhado
sentindo, inspirado, imaginado
Cada tilintar aos ouvidos
Eu preciso
Porque o que eu conheço é poesia ao contrario
dos pés a cabeça e que depois de declamada
encontra o sentido horario

E depois de proferida
corta-me a alma ao meio...
Sou um tonto. Sou um louco.
mas ela me toma por inteiro

Corta-me em rima,
Entrelaça-me em verso,
menino arredio que fui
amante que sou..
pó que serei

tudo o que sei é que eu preciso de poesia
como uma falta constante do que me é farto
porque depois de proferida,
ela me volta ao peito
e eu ainda tonto
só sei que sem ela não vivo.


(Por: Livia Queiroz)

domingo, 15 de novembro de 2009

Lenta

Ah, vida minha!
Corre ligeiro. Por que corres assim?
Mais dia é menos dia, vida minha!
Trago na palma da mão as cores que sublinho:

A cor morna dos seus olhos;
A cor do nosso encontro e a dos nossos lençóis;
O fosco dos paralamas e pára choques e pára brisas e pára raios,
mas não repara, não,
minha escrita pobre e confusa;

Há ainda o azul marinho da noite que tem mais e mesmo a cor de quando voce não está;
Eu te rabisco o Soneto de Fidelidade no meu papel de rascunho e jogo debaixo de sua porta.
Queimo-me de você a cada hora, a cada olhar em carne viva.
Minha carne.Viva.
Ardo.
Pronuncio seu nome bem baixinho,
de forma quase rouca
por conta desse seu cheiro
que me atrasa o ritmo.



(Por: Livia Queiroz)

sábado, 7 de novembro de 2009

(Contra)ditória


Livre e amarga, tentava acumular doses suas nas gotas de tinta que misturava para preencher aquela tela ainda branca, em tons (vazios)...
De repente, lembraria de quão vaga sua arte se tornara visto que fazia para sobreviver, pra não sufocar, pra não morrer lunática.
O rosto ora úmido ora ríspido pendia sob a luz, ainda que se escondesse dela. O efeito de seus olhos inchados lhe causava repulsa.
Ninguém tinha medo dela. Muito menos respeito: "artistazinha de merda".
De merda... De medo...
Qualquer um - muito embora, nenhum qualquer um sem nome e sobrenome fosse capaz de se aproximar - qualquer um devidamente registrado, seria capaz de entender-lhe a alma... oscilante.

{E eis que descubro que tenho tesão pela palavra ALMA. É o que mais interioriza o ser humano e além disso: hamuniza-o}

Dia desses, próxima semana talvez, as tintas, as telas, as olheiras lhe subam ao mesmo tempo ao cérebro causando quem sabe um risco em verbo estridente, caso possam imaginar... E talvez ela pinte sua última obra gotejando qualquer brando desejo de voltar ao mundo de antes.
Ela, morreu sem morrer.

Todos passam por ela.
Quem ela é?


(Por: Livia Queiroz)

domingo, 1 de novembro de 2009

RISCO

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---- Traços ----

Vá se despir de suas ideias patéticas, seus julgamentos ridículos e sem fundamentos.
Eu não quero mais seu gelo em mim.
E o que eu achava que era reversível não é. Na verdade nada em você nunca muda. Você faz e acontece e age depois como se tudo fosse normal.
Eu não sou remédio, eu não sou só colo. E agora eu saí de perto de vez.
Agora eu não quero mais ter paciencia, agora eu não quero mais entender.
Eu não quero palavras suas me assolando novamente. Porque meu caminho ja tem dona e meu sorriso também ja tem motivo: EU.

E tudo o que eu digo "em tom de desaforo" ameaça um desaforo seu.

Eu quero ver se você consegue, eu quero ver se você provoca, e eu quero ver se você prova e suporta o gosto que amarga céu da minha boca.

No fim das contas eu to livre de você, e livre de mim também... Daquele meu euzinho antigo e "pouco", e daquela minha vontade imensa de curar as suas dores mesmo que para isso eu tivesse que sangrar por todos os meus dias.

Eu passo na cara mesmo, e relembro sim tudo o que você fez e principalmente o que você não fez. É meu jeito de dizer que doeu e que agora acabou.
Perda de tempo o que estamos vivendo agora: eu tentar explicar tudo que você nunca entende sem antes me jogar um mundo sujo na cara.
Eu não vivo sua vida e nem você a minha.
O ritmo agora é outro. A direção também.
Entenda e fale o que quiser. Palavras mal ditas são irreversíveis.
E quando eu te disse: "Me esquece!", era verdade.
Esquece mesmo. Pra sempre. De vez.
Em outra época eu disse que estava cansada.

Hoje eu to enojada.

Meu mundo gira em torno de mim, e eu o apresento às pessoas.
Meu amor próprio, É SÓ MEU.
E aquele outro amor, aquele que eu sentia.
Aaah, esse aí não é definitivo não. E desbotou.
Cansei de você.
E não vou desistir de minha vida. Eu quero e preciso viver.

Muita gente espera por isso.


(Escrito em:18/10/09)

Por: Livia Queiroz

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Pequena

A pequena que eu amo me deu um mundo de bolhas de sabão
E me trouxe amor pra fazer chover dentro de casa
A pequena que eu amo é a maior de todas
e é por ela que limpo a alma,
aprendo umas mil fórmulas que nunca usarei...
É por ela que faço músicas com tendência a altar,
e é por ela que meus pés estão quentes agora.

A maior de todas me desvendou com um acorde
e me despiu com um olhar discplicente.
Ah, e hoje me tira do sério, do seio. O anseio.
É o que eu quero querer.
Causa uma arritmia suave da cor castanha de seus olhos,
que quero ver de perto...
Quero ver mais de perto
do que esse olhar é capaz todo dia.

A pequena,
essa a quem amo sem pedir licença
atende por um nome que me estremece a pronúncia.
Ela é toda uma única sílaba tonica.
E é o único ímpar a que em refiro
sem a pontada supersticiosa.

A pequena - nem tão pequena assim -
que eu amo descaradamente,
faz essas palavras se juntarem agora
em um contra-tempo marcado
por nossos pés envergonhados.

Ela combina meu ritmo
com seu arranjo pronto,
e faz dessa música o amor perfeito
a ser colhido nas saudades ligeiras,
nas ausências costumeiras,
nas palavras corriqueiras...

(Por: Livia Queiroz)

domingo, 20 de setembro de 2009

Ver para Crer

Quando as palavras bastarem, eu quero poder olhar em teus olhos enquanto todos os seus detalhes são cravados em minha mente.
E permanecer calma, doce, leve, livre no seu colo, até que caia toda chuva sobre o mundo.
Sou só uma alma solta pela imensidão, esperando o abandono acabar em seu sorriso.
Gravando tudo...
Pensando em tudo...
Lá em baixo a cidade corre louca e riscos lancinantes desenham a rotina, mas pouco me importa a queda de impérios, as leis, as pragas.
Pouco importa o tempo, já rasguei os calendários e prefiro acreditar que cada dia é único ao seu lado.
Que cada verso é inédito e que cada palavra é a primeira dos últimos tempos.
Prefiro acreditar que não se conjuga os verbos no passado e que os monstros já foram todos derrotados.
Eu estou com você a cada manhã, antes mesmo de acabar o seu sono.
Passo noites em claro te mandando os sonhos mais doces e felizes.
Você é o motivo das minhas orações.
Me ensinou sobre o cuidado.
Eu estarei sempre por perto mesmo que um dia eu feche meus olhos ou você não abra mais os seus.
Permanecerei quieta, te olhando... Sem pressa.
Não tenho pudores ao seu lado, porque pra ser livre só preciso estar diante de você.
Sempre ouço seus passos apressados e eles seguem o ritmo do me u coração, ou quem sabe é o meu coração que segue seus passos todos os dias.
Acredito em Anjos.
E eles estão sempre por perto, te guiando pra dentro dos meus braços, acabando com os espaços em branco e as nuvens cinzentas deixadas em minha alma por antigos amores.
Sou eu quem te escreve as cartas sangradas de amor.
Sou eu quem te fala tudo que você imagina que não existe.
Sou eu quem te sopra o desejo sob cada poro de sua pele.
E sou eu quem abre a porta à tardinha pra te receber, mesmo que esteja de mau humor, mesmo que tenha dado tudo errado.
E sou eu que te trago sensações.
E que tento acabar com a nostalgia das suas tardes de domingo.
Sou eu que invento centenas de razões para te ver sempre sorrindo.
Te pego no colo e te levo por caminhos seguros.
Poderia passar da eternidade com suas mãos sob as minhas.
Te sussurro palavras soltas...frases sem nexo.
São só coisas que minha mente desenha rapidamente enquanto sinto seu corpo sobre o meu.
Te puxo pro meu lado avesso.
Desculpe minha ânsia, perdoe-me por tamanho desejo.
É que eu gosto de ver em seus olhos a agonia da loucura se espalhando por todo seu corpo.
Gosto de te ver não sabendo o que fazer. Amo o seu “não-saber-o-que-dizer”. E os seus olhos parando o tempo.
Ainda voltarei a te escrever.
Talvez escreva coisas novas.
Talvez repita tudo isso centenas de vezes, de qualquer forma, saiba que quando eu te escrever estarei reafirmando o pacto que fiz quando meus olhos encontraram sua alma.
Desculpe-me por toda essa esperança. É que cada dia que acordo e te olho me apaixono um pouco mais.
Não precisa acordar sorrindo, até seu tédio é perfeito.
Não precisa me dizer nada até seu até seu silêncio é precioso.
Não sei bem onde ficou minha antiga tristeza , mas sei onde está minha felicidade.
Também não sei ao certo como deixei você se aproximar e aos poucos roubar em pequenas porções tudo o que eu ainda nem era, mas que já era seu por direito.
Nem sei como escrevo tantas palavras pra dizer sempre a mesma coisa.
Perdoe meu corpo inquieto e minha necessidade voraz de gritar ao vento tudo isso que me rasga o peito em flores.
Me entregue à você.
Vou te arriscar um segredo:
“Eu fecho os olhos junto as mãos e rezo...rezo pra te ter sempre aqui...pra me manter sempre aí.
Eu falo coisas que sou capaz de reviver... lutas que seria capaz de vencer.
Eu só não suportaria ter que andar sem seus passos junto aos meus. Não suportaria a prisão que minha vida se tornaria sem você.
Você é a minha tradução de Liberdade.”
Fico aqui pensando...
Sonhando...
Dizendo absurdos:
Essas coisas que me escorrem boca a fora.
Desculpe-me por fazer coisas erradas, mas não quero negar quem sou.
E eu “só Sou” com você.
Eu vou continuar aqui sentada...te olhando na sua rotina linda.
Preciso ver para crer.

(Por: Livia Queiroz)

(ESCRITO EM AGOSTO DE 2008)

sábado, 5 de setembro de 2009

Do Contrário.

Vontade de você aqui pertinho,
pra tocar uma canção.
Aquela que fala de nossa distancia,
de nossa saudade.

Queria você aqui,
me mostrando a língua pra eu ver se tá azul
por conta do pirulito...
enquanto isso eu me esbaldo em passatempo.

Poderíamos colocar o som nas alturas
e pular sobre a cama.
Ou sobre as nuvens.
Você por perto pra eu poder
deitar do seu lado,
e sentir seu jeito suave
e sua bochecha vermelha de vergonha.

Você aqui perto
querendo discutir a relação
só pra me contrariar.
Você preferindo história
e eu português.

Vontade de seu cheiro,
de seu jeito todo daquele jeito
que nunca consigo explicar.
Da foto de molecona.

Vontade dessa vontade
que não é da carne...
é mais além.
É alma e sintonia.
É encontro entre acordes.
Entre olhares.
É mais do que posso querer.

E o que me importa no fim das contas
é justamente o contrario que não encontro.


(Por: Livia Queiroz)

domingo, 23 de agosto de 2009

Você ---> Me estraga

Me estraga quando faz qualquer vontade e ainda diz que eu posso tudo.
Me estraga porque me solta o quanto quero enquanto traça meu caminho de volta despretenciosamente.
Me estraga porque faz das noites miúdas, motivos justos e certos para que eu caiba em teu abraço, para que eu caía em sua conversinha mole, para que eu aceite seus truques manjados.
E, me entrega, tudo que tem seu sabor para que eu prove e diga se eu gosto. E eu sempre gosto de tudo: do canto da boca, do contorno de teu pescoço, da curva da cintura... Da carne ao carma... A doce agonia...E o "querer tudo ao mesmo tempo".
Me estraga quando diz que eu posso e devo voltar no dia seguinte e no outro e no outro e pra sempre porque os braços estarão abertos pra me guardar.
Me estraga com esse riso desleixado quando diz: "- Mimo meeeesmo, e daí?"
Estraga e entrega.
Entrega. Invade. Supre.
Estraga porque deixa!
Estraga porque "quer"!

E eu vou - como quem não quer nada, como se não soubesse onde isso vai dar - chegando perto e encontrando o que esteve tão ao meu alcance.
Paira, por fim, um beijo no ar, um beijo com o gosto de antes.
Com o gosto de tanto. Com o gosto que eu gosto.


(Por: Livia Queiroz)


Post Singelo fazendo jus a esse sentimento...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Or'ação

Faça-me instrumento de Sua Paz.
Mas antes de tudo, faça me conhecer o valor da serenidade, para que eu não caia na dúvida.
Posso entender sobre o desespero, mas antes me alerta sobre a esperança.
Posso aceitar a solidão se não houver jeito algum, mas se pousares em minha alma o seu amor, já me será válido.
Quero falar de Ti, mas não quero falar o tempo todo, a ponto de virares uma rotina em minha vida. Rotina Cansativa. Obrigação. Flagelo. Castigo.
És a minha tradução de Amor.
Não quero me acostumar com seus Milagres e sair por aí falando como se fossem
banais truques de mágica, no entanto preciso deles.
Não quero fingir orar, porque não o faço com frequência.
Mas quero lembrar-me de quando fui ensinada sobre o amor infindável do Pai do Céu.
Preciso de mais paciência, mais calma.
Para entender, aceitar e decidir.
E no fim das contas, para agradecer o que me vier...



(Por: Livia Queiroz)


P.S.: Num momento não muito bom de minha vida...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Amor R'oco

Era um amor louco.
Erra um amor Rouco. Oco.
Era Pouco.
E já era o amor simples que posava em meus dedos sujos de tinta, e pousava em meus dedos seus lábios.
E que amor era esse que esperava, que aplaudia, que calava, entendia?
Que surto de amor era esse que varria com desespero o passado para o presente caminhar?
Que amor em poço era o tal amor!
Quantas tantas esse amor suportou?
Era amor em poço de agua cristalina. Era semente nova. Era cíclico.
Que loucura espontânea esse amor carregava!
Que vontades explicitas ele sussurrava?
Que amor era esse, que de tanto em tanto já era.
E de era em era ja fora. Fora e não voltara!
Errou um amor louco...E já era o amor rouco.
Que de tão rouco, ficou mudo!


(Por: Livia Queiroz)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mudando de Assunto

NOTA¹ - Esse não é meu estilo de escrita, portanto não gostei desse post. Por outro lado uma teoria me fez postá-lo.
A teoria da entidade lírica: É quando uma "entidade" baixa em você e você escreve em um estilo que não é o seu, rs. Nesse caso baixou a entidade lirica de Lorena Silva, como sou fã assumida-declarada, eis o texto(ou sei lá o que).
Mas Loren escreve muuuuuuuito melhor que isso aqui. Fato


Aos 12 eu ficava achando que ao crescer tudo ia ser diferente.
Bobagem. Tudo igual.
Aprendemos com o puta susto que tomamos quando a gente esbarra no que até então era o desconhecido.
Apredemos com os amores que dão certo. Com os que não dão tão certo assim.
Aprendemos a viver a fase porra louca e a fase louca da porra toda.
E quando passamos dos 15, queremos os 18.
Quando chegam os 18 ansiamos pelos 20.(Estou à espera dos 25)
Mas no fim das contas não muda muita coisa de fora pra dentro.
Mudam os ângulos, as perspectivas, o olhar(de dentro pra fora).
Amadurecemos as loucuras e aprendemos a arquitetá-las.
Nos apaixonamos como aos 11 anos, o que muda é a intenção.
Moldamos sonhos, como antes e o que muda é o teor.
Vivemos com os mesmos defeitos.
Vivemos a mesma vida, o que muda são os assuntos.
E ao esperar os dias trato de deixar cada loucurinha bem madura e arquitetada.
Praticarei todas.
Um dia!



(Por: Livia Queiroz)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O...

Eu o vi imundo e perdido sob a garoa da quinta-feira santa.
Eu vi os outros olhos que o olhavam curiosos, impacientes.
Vi o verde dos olhos dele perdido no cinza molhado do asfalto...
Eu senti nojo, medo, dó.
Senti a minha dignidade bater-me à cara.
Explorei sua dor.
Transformei em míseras palavras
segui meu rumo e nada fiz.
Vem a dignidade bater-me à cara,
Vem a consciencia cuspir-me o prato.

(Por: Livia Queiroz)


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Boas misturas que compomos...

...Porque acordar cedo ganhou um tom diferente e não tem mais a cor do mau-humor.
Porque a tal aula chata, da professora chata, que só fala coisa chata a gente tira de letra e entre uma coisinha e outra tudo ganha sabor.
Porque esquecer que o intervalo é de apenas 20 minutos virou a melhor das rotinas, e arranjar um bom motivo pra tudo virar farra com direito a foto e tudo não é pra qualquer um.
Toda a mistura que nos envolve é de uma perfeição ímpar... singular...
E qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, passa a ser de fato muito importante quando vocês estão por perto.
É desse espectro que falo, porque coisas simples e sinceras não se acha tão facilmente.
O bom momento é agora. É esse que estamos vivendo...


(Por: Livia Queiroz)

Para: Day e Ana Lu
Amooooooo vocês meus lovinhos!!!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Problema todo mundo tem

Facil demais não querer ouvir. Facil demais arranjar em quem pôr a culpa. Facil demais gritar ao telefone.
Simples demais não entender o que não é do interesse, mas o meu limite e minha parca noção das coisas, não me permitem mais aceitar tudo o que veio em conta gotas.
Tem hora, que chega a hora de se chutar o balde, o pau da barraca ou sei lá o que.
Chutei. Desisti.
Desisti muito mais de cair em suas loucurinhas inesperadas do que de amar novamente.
Desisti muito mais de viver à margem do que de entender qual o sentido real disso tudo.
Desisti de compreender porque você tanto diz que não te compreendo.
Perdi as peças do quebra-cabeças. De propósito.
Cansei do jogo. Do seu tempo. Do meu tempo. Do meu coração de canto em canto cheirando paredes.
Pois pode dizer agora que não te entendo, que não te atendo, e pode falar de todos os meus defeitos que ousares sublinhar.

Problema todo mundo tem, e cada um sabe o peso do seu.
Só está desse lado aí, entupindo tudo de reclamações, por que não sabe que do lado de cá, nem tudo corre às mil maravilhas...

(Por: Livia Queiroz)






domingo, 28 de junho de 2009

Simples assim...

Só mexi na ilusão,
o resto tá igual.
E do canto de onde eu venho,
tudo se pode enfeitar.

E do que é reto e duro,
pode-se espremer
até que alguma gota mine cores de vida.


Pois a sala em que grito,
meu desespero tem ecos de bondade,
e as ruas onde me faço caminhar,
desesperança tem poeira cintilante...

Rôo-me por fim,
entre todas as coisas que são pra mim
e finjo que não são,

entre todas as bocas que são pra mim
e penso que são em vão.
Retoco minha maquiagem,
mas é o espelho que precisa de reparo.

Rabisco-me.


[SOLTANDO AS AMARRAS]

Ao som de Zelia Duncan
Música: "Telhados de Paris"
Cd (NOVO): Pelo Sabor do Gesto
Presente da San, obrigadaaaaaa. Amei

sexta-feira, 19 de junho de 2009

POEIRA

- Quando eu não estiver mais aqui, você vai lembrar de mim?- pergunta Guta
- Ah, sem esse papo agora! Lembra o que nos prometemos? - responde Lara, sem muito pensar.

As duas estão deitadas sobre a grama olhando para o céu infinitamente azul. O que predomina entre elas é um segredo: Em breve estarão separadas.
Guta usa um short jeans e a camiseta com a imagem do Anjo Gabriel.
Lara veste uma bermuda azul marinho e uma camisa de listras brancas e azuis.
Estão estiradas lado a lado e com preguiça de falar muito.
O silêncio entre elas é doce.

- Eu acho que vou querer virar uma nuvem - diz Guta.
- Uma nuvem?
- É. E aí quando você olhar lá pro céu, eu vou assumir a forma de um coração. Bem fofo e macio.

Novamente o silêncio se faz presente.
Um vento sopra fraco, o Sol não tá lá grande coisa e as nuvens passam devagar nos mais diversos formatos, todo o céu parece alegre. Talvez haja um motivo.

- Acho melhor a gente voltar. - sugere Lara - ta ficando tarde.

O caminho que fica pra trás é sutil e de passos curtos. Nenhuma das duas fala muito, há mais entre os olhares. Há muito mais.
O ônibus pára e elas sobem. Sentam uma do lado da outra. Guta segura a mão de Lara que vai pra lá e pra cá acompanhando o sacolejo do ônibus.
Há uma beleza múltipla e estonteante na mistura que as duas compõem, e há o cheiro de segredo em tons disfarçados, mas ninguém no ônibus nota. Ninguém ali se olha de fato.
Até as duas evitam se olhar. Guta vai na janela olhando a paisagem correr. Lara olha o entrelace das mãos sem nada pensar, sem nada querer.

A tarde vai caindo do lado oposto do mundo. A sarjeta. O Contrário.
Saltam do ônibus e andam mais um pouco até a casa de Guta.
Despedem-se sob o último adeus do Sol que parecia mais distante do que realmente é, como se fizesse parte de uma outra galaxia, a outro Universo de distância, anuncia-se triste como o protagonista de sua própria partida. O beijo de Lara pousa risonho sobre o rosto moreno de Guta e parece fazer cócegas em cada poro, ela sorri com maciez, e por alguns instantes tenta evitar o inevitável, mas uma lágrima miúda e tímida rola pelo olho direito.

O Sol se despede pela última vez, também com uma lágrima. Começa o vácuo. O momento em que não é hora nenhuma. Mas se sabe que logo em seguida a Lua vai despontar.

Guta é uma palavra. Lara é olho atento de pronúncia incorreta.

- Tenho que ir, ja anoiteceu - diz Lara.
- Vai com Deus. - um abraço mudo e úmido encaixa os corpos das duas, combinando de repente com a primeira estrela empoeirada a despontar no azul marinho da noite.
Guta mantém Lara em seu abraço, esta por sua vez olha para os fios negros nas costas de Guta. De um negrume quase irreconhecivel, caso ela não soubesse o motivo. A peruca. De repente adotada como a única alternativa. De repente adorada.

Do fim do abraço, resta o cheiro do espaço que fica entre o laço de dois corpos, o barulho do portão sendo aberto e os passos das duas indo em direção contrária: uma para dentro do seu mundo, outra para fora.

"É óbvio que eu vou lembrar de você. Pra sempre. E é óbvio que você vai virar nuvem. Um coração.", diz Lara enquanto se afasta.

As estrelas debocham das duas e se fazem cadentes.
"Idiotas"- riem descaradamente os pontos brilhantes no céu - "Ninguém vira nuvem. Ninguém vira coração."


NOTA: Post sem imagem porque iria ficar parecendo maior do que realmente é.


(Por: Livia Queiroz)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Outrém



Sábado à noite gasto meu dinheiro e meu corpo indo ao puteiro bar mais próximo na tentativa de quebrar você em algum copo.
Domingo à noite, finjo que rezo na esperança de receber qualquer possível perdão. Comungo-me. Salvo-me. Dois coelhos em uma só cajadada: CORPO E ALMA "puros" novamente.
Vejo alguns a conversar com Deus, fervorosamente.
Entendo tudo.
Segunda-feira, alcanço na rua as obrigações e os problemas que não trago nunca pra casa.
Segredos. Segredo. Sagrado. Sacro. Santo.
E corre todos os outros dias até que me venha alguma estupidez, e no fim de todo o cansaço tenho que admitir que é você a minha contradição.
Que é você quem dilacera meu ego e todos os timbres que ensaio são inúteis, visto que você possui todos os antídotos e sorte, de fato, tens muita sorte.
Mas um dia qualquer, bem proximo a esses, lhe pego de surpresa.
Vais abrir os braços, vais fechar os olhos e querer sentir. Vais esperar.
Eu vou estar bem perto, vais sentir meu cheiro, mas já será tão tarde que estarei de costas e com os braços cruzados.


(Por: Livia Queiroz)

Escrito originalmente em uma folha branca de caderno com borda rosa, no dia que eu não sei bem qual foi, mas foi durante uma aula de empreendedorismo, entre uma e outra anotação, afinal sou uma aluna aplicada!


domingo, 14 de junho de 2009

DE VOLTAAAAA

Putz, se saudade realmente matasse eu tava mortinha!
Dias e dias e dias sem computador por causa de uma bendita(ou maldita) placa mãe que teimou teimou e me disse adeus.
Passei por um periodo difícil de abstinencia do mundo virtual.
( E outras abstinencias também)
Como o bom filho a casa retorna, aqui estou eu. Sem grandes iéias, mas ansiosa... pra quê? Pra começar, eu acho...

Suposições apenas...

Esses dias foram proveitosos também, por exemplo, mastiguei toda a vida de Galileu Galilei e se bobear sei até quantos puns ele deu enquanto esteve vivo(essa parte não é verdade).
"Ganhei" umas mensagens anônimas no celular e foi legal brincar de detetive, ruim foi depois, quando descobri quem era, mas enfim...(segredo!!!)
Ah, e a melhor de todas: descobri A LINGUA DE EULALIA(uma novela sociolinguística perfeita) que aborda temas como: diferenças entre Português-padrão e o Português-não-Padrão escritos e falados, etc etc etc
Vale a pena conferir!

Continuo esquentando as idéias, logo logo vem post novo.


PROMETO!!!!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Bicho Solto



E vem uma suposta crise...
Adicionar imagemPutz, crise não!
Essa palavra deprime.

Mas vem o desacerto, as conclusões precipitadas e o mais além de não saber o quê.

Eu prefiro acreditar que é uma fase ruim, e que me perdoem os garotinhos e garotinhas de plantão, mas só pode ser a “adolescência literária”.
Essa coisa rouca, magricela e anoréxica, indefinível de nem saber que rumo seguir.
Nada parecido com Camões, Vinícius ou Drummond será escrito por mim, pois a complexidade escolhida da forma mais simples é inalcançável por meus dedos inexperientes; Nelson Rodrigues, Fernando Sabino, Bukowski têm um molejo, um gingado, uma coisa que nem de longe acompanho com minha pobre escrita.

Não tem nem lá nem cá. Nem conto. Nem rima. Nem poesia, prosa muito menos. Nada de crônicas.


Essa ‘linha’ que ouso seguir é mais ousada do que eu e parece nem levar a canto algum.
Fico de um lado pro outro com uma insistência remota, e vez ou outra sai uma palavra que casa com algo e faz um sentidozinho.
Por acaso. Sempre assim. E há quem acredita que acasos não existem.


Jabor ao ler isso, torceria o nariz na mesma hora, com razão... E provavelmente pensaria em quem eu penso que sou para andar escrevendo bobagens à respeito de nada tomando o tempo do outro coitado que pára pra ler.

E eu, mais madura do que antes, nada diria. Mas as minhas palavrinhas adolescentes escreveriam algo do tipo: “E que o mundo se foda!”; “Vão todos à merda” ou quem sabe o clássico “Falar de mim é fácil, difícil é ser eu”... É triste admitir, mas dedos de palavras adolescentes estão sujeitos a escorregar nesses clichês revoltados e revoltosos.
É fato que ao escrever isso, cria-se um clã de rebeldezinhos amistosos e sem causa, mas eu, sinceramente, não tenho a menor intenção de atingir um publico tão “fervoroso”.

Tudo é sintoma teenage.
Fico feito uma barata tonta, porque leio o que eu escrevo e sequer sei definir. Digo pra mim mesma que isso é assim e fim de papo (coisa de escrita “aborrecente”), mas então depois de muito pestanejar e entender bulhufas, aceitando por fim o meu “destino” despeço-me de tudo dizendo: “Adeus mundo Cruel”.

Jogo os pés sobre a mesa, e só mesmo uma cerveja bem gelada pra me fazer engolir essa camada solta de não saber o que...



P.S.: Leitores Adolescentes, por favor, ao ler isso, não queiram me apedrejar em praça pública, por conta de minha analogiazinha... ;)

P.S.¹:
Caros amigos, perdoem-me pela escrita pobre. É a crise.
E ando concentrando minhas "energias" nos estudos, no trabalho e no livro que teimo em querer escrever

P.S.²:
Fica esclarecido aqui, que não tenho a menor pretensão de imitar os grandes escritores aqui citados. Não tenho sequer esse talento. A minha escrita é pobre, parca e amadora.



(Por: Livia Queiroz)


(POVOOO TO SEM PC POR UNS DIAS... MINHA PLACA MÃE FALECEU RSRSRSR
SAUDADES DE TUDO POR AQUI...)

domingo, 17 de maio de 2009

Esse tal cheiro

Essa coisa impalpável que faz centenas de caminhos aparecerem em minha frente, e é impossível de explicar.
É o cheirinho que tem o canto de sua boca.
Cheiro que diz que coisa boa está por vir: BEIJO!
Sigo com meus lábios calmamente sentindo a temperatura de seu queixo e de repente me vem o cheiro que povoa qualquer ambiente.
Saio da linha. Ao fundo de tudo isso todos os papéis se rasgam junto com as nossas vestes arrancadas delicadamente.

Esse mesmo canto de boca que ri escondido quando você gosta do que vê.
Esse mesmo canto de boca que esconde todo o meu corpo e ...
É esse canto de boca que espalha esse cheiro: Um "quase-desespero" por definição; Um "quase-muito" ansiando uma descrição que não vem, que não sabe como se fazer surgir.

E já beijei outras bocas. Ja cheirei outros cantos de bocas.
Mas não tem jeito!
O cheiro é só seu.

Saio rindo depois de algum "teste" ninguém entende, mas carrego a certeza: O cheiro é seu.
E por mais que insista em uma explicação acerca do tal cheiro, minha mente trabalha devagar talvez pelo êxtase em que me deito e me permito 'derramar-me' .

Eis que agora me vem na mente a "lembraça de varanda" em fim de tarde:
[...]
- É um cheiro bom meu anjo.
- Cheiro de que, amor?
- Cheiro do canto de sua boca.
- Como é esse cheiro?
- Não sei, mas sei que é só SEU.
- ...


(Por: Livia Queiroz)

P.S.: Post bem simples. Como o tal cheiro.


Ao som de Armandinho:
"A filha"

1 ano de Assuntos de Menina


1 Ano de Assuntos de Menina.
Passou rápido!
Só tenho que agradecer aos amigos blogueiros que por aqui passaram e deixaram seus comentários, fazendo valer à pena cada postagem que criei de maneira meio insegura achando que talvez eu pudesse não agradar.
Bom, mas deu certo. Pelo menos por um ano (rsrsrs).

Alguns agradecimentos especiais:
  • Anna Paula Rufynno ( que presenteou-me com essa imagem super meiga)
  • À Lorena Silva, grande amiga, uma escritora de mão cheia que sempre me encantou com seus escritos.
  • Camilla Ragazzi que sempre esteve por aqui comentando, o que pra mim sempre foi uma honra até porque sou fã dessa moça.
  • Ao Sebastião Soares, parceiro de ooooutros "carnavais" rsrs.
  • À Lola que sempre dava umas "espiadinhas" nas postagens antes de eu publicar, e dava a sua - sempre sabia - opinião.
  • E à todas as minhas musas e os musos inspiradoes...(Ê Laiaaaa)
É ISSO!
E QUE VENHAM MAIS E MAIS OUTROS ANOS DE MUITOS "ASSUNTOS"...

Mais uma vez Obrigada à TODOS que passaram por aqui!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

A cesta...



Como se uma aquarela infindável assaltasse meus olhos...
Como se eu não soubesse lidar com as minhas tristezas(quase voláteis) e o mundo risse de minhas mudanças repentinas de humor o tempo em que minhas lágrimas caem em forma de suor.

Como se a língua que eu falo não fosse a "pátria-minha", ou o idioma que ouço, me tivesse sido ensinado ao contrário.


Varro os olhos, as impressões, as faíscas do outro e guardo em minha cesta.
Podem não compreender.

E podem compreender até a última raiz de palavra que minha boca joga pra fora, mas que não vivam com os olhos semi-cerrados.


Minha cesta de restos aproveitáveis, trasborda-me ao compasso em que me ensina a agir no momento em que a vida me acontece.
Não adianta fugir, uma dia a cesta do outro nos cata, mas se eu contar o que sei de fato, o seu prazer se desmanchará como o sal na água virando apenas o meu suor de lágrimas...

Como se as pessoas soubessem o que fazer com seus restos...


Ninguém sabe. Ninguém entende nada sobre os fragmentos que deixam por aí.

Eu gosto desse lixo. Eu gasto. Cato. Uso. E jogo fora depois pra outro catar.
Apredendo assim. Reciclando experiências.
Não quero uma cesta vazia, senão terei uma alma murcha...


(Por: Livia Queiroz)

P.S.: Desculpem-me, caso isso não faça sentido para vocês...

Ao Som de: Zélia Duncan, "Eu não sou eu".

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Lacre

Então vai,

Desata os laços,

Os fins justificaram seus meios

E os abraços que se desfizeram.

E o que mais quiser.

Vai,

Volta pra’aquela vida descontente

Com amarras e limites

Barreiras e caos

Vá,

E denuncie minhas palavras

Volte pra onde quiser

Pode ir brincar de prisão.

Meus olhos estão trancados.


(Por: Livia Queiroz)


quarta-feira, 29 de abril de 2009

Silhueta


Deve ser chato ser linda todos os dias...
Ela é assim.

O tempo inteiro.

Não sei no entanto quase nada sobre ela. Não sei se é mar, não sei se é calor. Apenas atento para cada detalhe que se mostra... Poucos detalhes, mas insisto.


Estudantes.

Mesma classe.

Eu e Ela.


Ela: Tão linda que não sei por onde começar a descrever tamanho absurdo. Estonteante absurdO!


Sei que ela é tímida e quando ri esconde o pouco riso com a mão, mas pude no entanto, pegar uma vez, seu sorriso de relance, coisa rápida.
E eu diria muito da brancura de seus dentes, mas prefiro falar sobre seus lábios finos e rosados, às vezes úmidos, às vezes castigados com uma leve mordida enquanto ela escreve. São uns lábios de "pecado". Pecado escondido. Eu sei!
Os dois furinhos na bochecha se mostram quando ela sorri, e mesmo quando põe a mão na boca, consigo ver sua bochecha, sei o caminho que fica descoberto...


Não! Eu não estou caindo de amores.


Ouço sua voz pouquíssimas vezes, mas fico atenta para o seu cortar de ar quando se "rompe 'a barra de contensão'" de suas cordas vocais. Uma voz que parece ter-se descolado do céu da boca. Ah, o céu! Será que por lá existem estrelas?

Seu tom de voz é baixo e é macio.
Uma certeza: Sua voz deseja acarinhar o ar.


Os olhos castanho-esverdeados estão sempre brilhando. Não sei se por um brilho próprio, coisa de nascença, ou se por uma lágrima constante e talvez imóvel.

No cabelo negro, cachos. Muitos cachos. Volumosos. Embaraçosos. Às vezes um cachinho cai sobre o olho, até a queda é linda, e ela com toda a serenidade, leva a mão até o cacho e o coloca atrás da orelha...
Toda a sintonia de movimentos, toda a cumplicidade de suas belezas complementam minha justificativa: Ela é Linda!

E que outro adjetivo seria capaz de suprir essa necessidade que me toma e me impulsiona a descrevê-la?


Mas eu...eu com minha infiel memória, não sei seu nome.
Ou esqueço-me. Ou nada-nada...
Não me perdôo.

NÃO É AMOR PLATÔNICO. ALIÁS, NEM É AMOR. JURO!


Eis uma representação divida do quadro que eu pintaria caso o dom eu possuísse: ela é a musa e a paisagem.

E estou procurando a moldura perfeita. Uma que alcance o seu espelho de divindade.


(Por: Livia Queiroz)



P.S.: Eu juro que presto atenção nas aulas... rs

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Engasgada (Parte Final)


...Abriu a porta do quarto e ficou parada, a observar a outra mulher sentada sobre o corpo nu e de repente tão nojento de seu homem. Ficou apenas a observar sem nada dizer. Talvez estivesse pensando no que diria entre o barulho de corpos suados se esfregando e os gemidos da mulher que nunca mais saíram de sua cabeça. Eles não a viram entrar, não a viram como uma espectadora, e não perceberam também o objeto maléfico que Ela tirara da bolsa. A lâmina afiada, presa num suporte de plástico, fez o primeiro risco nas costas da mulher, depois outro e mais outro. Começaram as lutas de mãos e pernas tentando conter os cortes que certamente não parariam. Quando cansou de usar o estilete, correu até a cozinha deixando os dois corpos cansados, nus e ensangüentados sobre a cama, mas ainda vivos, pegou uma faca, a maior de todas, e voltou para terminar. Ao vê-la entrar assim, o marido tentou explicar, a mulher tentou suplicar, mas o seu mundo estava calmo e silencioso, sorria para o amor de sua vida, sorria para a outra ali amedrontada, sorria para si mesma e cavou os corpos com toda a violência e dor do mundo. Dilacerou sua dor, acabou com tudo.

Ela mesma ligou pra policia. Ela mesma confessou tudo. Sorrindo. Ela recusou defesa. Ela era inocente. Sempre foi. É que nascera pra fugir, mas só se foge quando se está presa. Do seu vira-lata, ela não teve mais notícia.”


Agora ela conseguiu fugir. Aprendera tudo sobre a vida(tudo o que lhe era necessário), e só agora percebeu que viver em constante fuga é a dose certa que precisa para existir e insistir.

Do Vira-lata, ela nunca mais teve notícias, mesmo!


(Por: Livia Queiroz)

sábado, 18 de abril de 2009

Engasgada (Parte II)


Uma das mãos treme e a outra segura uma pequena faca, pro caso de algum perigo se fazer surgir, e no fundo, ela sabe-se inofensiva.

Só pode estar doente.

Ela não!

A faca. A faca está doente.

Por algum motivo desconhecido, e esse motivo faz com que o objeto pontiagudo perfure do lado errado, mostrando-lhe um filete de sangue a escorrer sobre a palma sem forma de sua mão. É líquido e vermelho.

A outra mão, ainda trêmula, se fecha e um pouco de dor chega a ser sentida na ponta da língua.

Os olhos absorviam as cores do ambiente, sem nunca ter uma cor própria, e faziam um movimento milimetricamente planejado.

As gotas de sangue desenhavam no asfalto quente e cinza-sujo, as cenas no tempo do tempo. Eram como flashes, ou holofotes que acendiam e apagavam numa arritmia desconfortável.

A mente voltava à dias que se permitiu esquecer...


Lembrava-se detalhadamente:


“Abria o portão branco, sob as festas do vira-lata que adotara. Abaixou-se e o acarinhou. Percebeu o tom doloroso em seus olhos. A maquina de amar que nada pedia em troca. A companhia que nenhum problema causava.

Pegou as chaves, mas não precisou usá-las, a porta estava no trinco, certamente seu marido também havia chegado mais cedo do trabalho. Procurou na cozinha, na sala...

Ao passar pelo corredor que a levaria até o quarto, parou e viu o quadro que sempre esteve ali, mas ela nunca reparou muito. Isso a memória lembra cada detalhe:

Era uma menina sentada num balanço, com uma cesta de flores na mão, o quadro só podia ser um desses comprado em feirinhas de artesanato, os olhos da menina do quadro estavam frios, condenavam a observadora.

Na cestinha em suas mãos havia flores de todas as cores, mas tinha uma flor que havia murchado, por falta d'água talvez, ou falta de tinta.

A menina usava duas longas tranças que ficavam caídas sobre o peito e na ponta amarradas por um laço amarelo, como o seu vestido.

Por algum motivo, o pintor desse quadro deixou de pintar o dia, ou a noite...

Não havia uma paisagem atrás da menina. A pintura era das mais frias e sem vida.

Não havia beleza no rosto belo da menina.

Ela olhava a quadro distraidamente e quase, e por pouco não esquecera que estava à procura do marido.

Percebeu a movimentação no quarto, só podia ser ele.

Ensaiou o sorriso, cheio de todo amor, sim, porque o sorriso é a casca do sentimento. Descasca-se o sorriso e encontra o amor por dentro.

Abriu a porta do quarto e ficou parada ...



CONTINUA...



(Por: Livia Queiroz)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Engasgada (Parte I)

DEPOIS DE MUITO PENSAR, RESOLVI POSTAR UM CONTO. ELE SERÁ DIVIDO EM PARTES PRA "FACILITAR" A LEITURA.
ESPERO QUE CURTAM!

Quem mata,
só o faz por não querer viver. Quem foge, só o faz por não saber morrer. A morte é certa. A dor nem tanto. Mas a fuga é inevitável.

Do vira-lata ela nunca, nunca, nunca mais teve notícias.




Engasgada nas próprias palavras ela procurava abrigo, mas só encontrou um mundo de portas lacradas, no peito uma saudade a corroer-lhe e a garganta chiava num grito bobo.
Suas mãos cruzadas pareciam-se apenas com mãos cruzadas e não desenhavam nenhuma forma geométrica, e suas palmas eram murchas. Nelas nenhuma picareta poderia ousar tentar adivinhar o futuro.
Suas unhas roídas até quase onde não mais se podia, carregavam um pouco de sujeira grudada, que já dormia e acordava no lugar.
A cor de sua pele era suja. Por mais que se banhasse a cor não mudava e tinha a lama entranhada em cada poro.
Seu corpo era reto, não captava a serenidade do movimento, era crespo. Tinha carne suficiente para cobrir-lhe as costelas. Tinha talento suficiente para fazer estas carnes apodrecerem.

Sua voz não tinha eco. O seu eco virara silêncio.

Era livre.

Podia sumir e não era porque ninguém a procuraria, mas sim porque ensinara-se a não se importar. Como se fosse a primeira e a última. Como se suas unhas servissem de porto seguro ao crava-las em seus próprios braços. Ou como se suas mãos sem forma definida fossem capazes de fazer parar a quem irrompesse o cordão de isolamento.

Estava presa do lado de dentro do mundo, mas não era por isso que queria sair. Sabia-se fugitiva desde nascença, o presídio fora apenas uma desculpa. Estava predestinada. Quebrava-se e fugia. E era feliz sem saber o que era não ser. Uma criança talvez perdida, chutando a bola para o amigo mais próximo, e ao jogar a bola conforta-se, pois sabe que ela está em boas mãos, a brincadeira continuará e tudo ficará bem.
Mas isso [agora]não vem ao caso.


CONTINUA...

(Por: Livia Queiroz)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Cores do Outono (Parte II)

A manhã cumprimenta-me vermelho amarelada, e longe de mim, vejo uma sombra. A sua. O cheiro de seus cabelos é trazido pelo vento. Fecho a janela.

Sigo minha vida dentro de casa, do lado de fora do mundo e tendo a companhia apenas dos cheiros de minha rotina.

Arrumo os pensamentos, me visto apenas de esperança e tranqüilidade. Ton sur ton.

Segue o dia mais curto do que antes, passa o tempo, mais rápido do que antes. Melhor assim, menos de mim pra você.

(Por: Livia Queiroz)

Vide Cores de Outono Parte I